“Vamos ter candidaturas LGBT por todo o País”, diz Andrey Lemos

Para o presidente da UNALGBT, é preciso ampliar a presença da comunidade nas eleições de 2020 e 2022

De 27 a 29 de março, Salvador (BA) receberá o 2º Congresso Nacional da UNALGBT (União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). Segundo o presidente da entidade, Andrey Lemos, as 500 lideranças LGBT que devem participar dos debates vão lançar uma carta aberta nacional “para ampliar nossa presença nas eleições de 2020 e 2022”. O congresso, no entanto, vai além da pauta eleitoral, conforme detalha Andrey nesta entrevista ao Vermelho.

Vermelho: A UNALGBT completará cinco anos em 2020. O que foi acumulado nesse período? Como a entidade está organizada hoje?
Andrey Lemos: A União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais nasceu em outubro de 2015, em meio a um golpe midiático, jurídico e parlamentar. Nasceu com muitos desafios, como defender a Constituição Cidadã, os direitos conquistados, as liberdades e a democracia. Foi o que fizemos nesse período. Incidimos politicamente junto às instâncias de participação da comunidade, mobilizamos para a resistência e seguimos bravamente lutando em defesa da nossa população e do nosso país. Nesse caminho, fomos nos consolidando como importante instrumento de luta e aglutinador de brasileiras e brasileiros na trincheira contra os ataques à educação, ao trabalho e ao Estado brasileiro.

Vermelho: Quando a UNALGBT foi fundada, você já denunciava a existência de uma “onda conservadora que se opõe às conquistas da comunidade LGBT”. Essa onda foi intensificada pelo golpe de 2016 e pela ascensão do bolsonarismo?
AL: As forças conservadoras, com suas ideias fascistas, perderam o medo da justiça, rasgaram a Constituição e vêm aprofundando um quadro de violências institucionais. Elas aumentaram as desigualdades e retrocederam nos direitos sociais. Diante disso, ampliamos nossa presença em fóruns, conselhos, redes de movimentos sociais – tudo para fortalecer nossa voz contra a censura e em defesa das políticas públicas. Atuamos, por exemplo, nas últimas eleições, denunciando o obscurantismo e contribuindo com o debate sobre representatividade na política. Estamos ao lado do povo brasileiro que sonha, luta e tem esperança. Acreditamos que vamos vencer o ódio.

Vermelho:  O que estará em pauta no 2º Congresso da UNALGBT?
AL: O 2º Congresso Nacional da UNALGBT (CONUNALGBT) acontecerá no período de 27 a 29 de março de 2020, na cidade de Salvador. Sim, a Bahia vai nos receber para debatermos como a entidade deve se posicionar no próximo mandato, quais as principais bandeiras que devemos defender e o que priorizar. Vamos eleger uma nova direção nacional e lançar uma carta nacional para ampliar nossa presença nas eleições de 2020 e 2022. Precisamos de emancipação e, para tal, é necessário estar em todos os espaços de poder. Queremos cidades mais inclusivas. Queremos um projeto de desenvolvimento para o País que promova o respeito às diferenças e nos assegure avanços nas nossas pautas, principalmente que o Estado se responsabilize com nossa segurança, oportunidades e dignidade. O 2º CONUNALGBT contará com aproximadamente 500 lideranças LGBT de todo o Brasil. Nossa expectativa é colaborar com a unidade no campo progressista para fortalecer uma frente de movimentos sociais que caminhem juntos e juntas na defesa da nossa democracia.

Vermelho: Estamos também em ano eleitoral. É possível articular uma pauta comum da comunidade LGBT para apresentar nas disputas municipais? Como a UNALGBT se preparará para essa batalha?
AL: Na última reunião da nossa direção executiva nacional, decidimos que vamos ter candidaturas LGBT por todo o País e em todos os cargos. Estamos trabalhando diuturnamente para construir essas chapas. Durante o 2º CONUNALGBT, vamos elaborar um documento orientador para as candidaturas e chapas que assumirão compromisso com nossa luta e nosso futuro. Então, nossa tarefa nas próximas eleições é ampliar o debate, garantir o amplo diálogo com diferentes forças políticas e avançar na defesa das humanidades. Por último, reafirmamos o tema do nosso 2º Congresso: “Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”. Queremos estabelecer um grande e forte pacto em defesa da vida. Chega de feminicídio, basta de racismo e lgbtfobia! Precisamos pôr um fim nas opressões estruturais e caminhar rumo a justiça social, em defesa das vidas. Vidas negras importam! Vidas LGBT importam!

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