Paulino, sindicalista rural do PCdoB, é assassinado no sul do Pará

Ex-vereador, Paulino era ameaçado de morte

O trabalhador rural, líder comunitário e sindicalista Raimundo Paulino da Silva Filho, ex-vereador de Ourilândia do Norte, no sul do Pará, foi morto de modo bárbaro na tarde deste sábado (22). Não há informações sobre os mandantes do crime.

De acordo com informações preliminares colhidas pela Polícia Civil, Paulinho foi alvejado por vários disparos de arma de fogo quando chegava à oficina dele, nas margens da Rodovia PA-279, no perímetro urbano de Ourilândia. Pessoas próximas de onde ocorreu o crime ainda chamaram ambulância. Mas Paulino não resistiu ao ferimento e morreu no local. O ex-vereador tinha 51 anos, era casado e tinha filhos.

“Neste sábado (22), o PCdoB Pará recebeu a triste notícia do assassinato cruel e covarde do camarada Paulino, grande liderança rural de Ourilândia do Norte”, expressa a nota da direção estadual do PCdoB. “Deixamos a nossa consternação com mais este crime bárbaro acontecido no campo.”

Paulino era uma destacada liderança da região da PA-279 e coordenou ocupações de terras. Uma das mais significativas foi a fazenda 1.200 (PA-Maria Preta), onde vivem 150 famílias da Associação 8 de Março, ligada à Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Pará (Fetagri-PA). As famílias já passaram por vários ataques e tentativas de expulsão violenta das terras, sendo as mais recentes no ano passado.

Paulino e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) acusavam o fazendeiro Eutimio Lippaus de ordenar os ataques. O latifundiário reivindica a posse do terreno. Mas, segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Ministério Público Federal (MPF), a ocupação corresponde a 25% de uma área de propriedade da União. A briga na Justiça vem desde 2006, e Paulino era ameaçado de morte pelo fazendeiro. O Ministério Público do Pará chegou a oferecer denúncia, mas nunca houve condenação.

Com seu prestígio entre os trabalhadores rurais e as comunidades de Ourilândia do Norte, Paulino foi vereador pelo PT por dois mantados (2009-2012 e 2013-2016). Depois disso, filiou-se ao PCdoB, onde cogitava se candidatar, neste ano, a vereador ou mesmo a prefeito.

“Exigimos que as autoridades competentes apurem com rigor e descubram quem foram os executores e seus possíveis mandantes para que possam ser punidos com a aplicação justa da lei”, afirma a nota do PCdoB-PA. “Nos solidarizamos com familiares, amigos (as) e apoiadores políticos de Paulino neste momento triste e difícil para todos nós.” 

Mato Grosso

Paulino é a segunda liderança rural do PCdoB assassinada este mês. No dia 14, o ativista por terra Afonso João da Silva, presidente do PCdoB de Jaciara (MT), foi assassinado no Assentamento União da Vitória, a 142 quilômetros da capital do Mato Grosso, Cuiabá.

Afonso João foi encontrado morto com diversas perfurações de arma de fogo. Ele era líder de um acampamento que existe há mais de 15 anos às margens da BR-364. Moradores da região relataram que ouviram tiros e que, ao se deslocarem para ver o que tinha acontecido, se depararam com Afonso caído no chão, já sem vida.

Da Redação, com agências, G1 e Hora do Povo

Um comentario para "Paulino, sindicalista rural do PCdoB, é assassinado no sul do Pará"

  1. Darcy Brasil disse:

    É o segundo assassinato no campo em menos de uma semana. Penso que a coisa mais imediata a fazer é recomendar que todos
    os militantes da esquerda observem as mais rigorosas medidas de segurança, pois está em curso no Brasil o golpe de estado das milícias bolsonaristas protofascistas. A segunda coisa, é considerar esses dois assassinatos, assim como o motim no Ceará, entre o conjunto de sinais que anunciam esse golpe, convocando, com a maior urgência, uma reunião de todo o campo democrático, progressista e antifascista, para desencadear o movimento “Fora, Bolsonaro”. Basta! A situação política, a meu ver, só comporta duas alternativas que serão necessariamente determinadas pelo curso da luta nos próximos dias: ou o impeachment de Bolsonaro e o inicio de um combate, de fato, às milícias, com o propósito de desbaratá-las e colocar os seus membros na cadeia, ou a efetivação do golpe de estado miliciano, que colocaria toda a esquerda e todos os democratas na alça de mira dos abjetos assassinos milicianos, jagunços dos ruralistas e dos banqueiros. A palavra de ordem é apenas essa: ” Fora, Bolsonaro!” Trata-se de aliança que busca apenas impedir que a ameaça de um Brasil sob o domínio político de criminosos comuns, de facínoras milicianos, movidos apenas pelo o desejo de ficar ricos praticando qualquer tipo de crime, se efetive.

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