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O senador Cid Gomes foi atingido por dois tiros

A semana em que o senador Cid Gomes (PDT-CE) foi baleado criminosamente por PMs amotinados em Sobral (CE) começou marcada pelo sangue do dirigente comunista Afonso João Silva, assassinado por pistoleiros em Jaciara (MT). Foram sucessivos atentados contra a democracia – entre eles a bravata do general Heleno contra o Congresso Nacional, a pretensão de Sérgio Moro de enquadrar Lula na nefanda Lei de Segurança Nacional, até a tentativa do capitão presidente de culpar governadores pela alta da gasolina, diesel e gás de cozinha.

Opondo-se a atitudes semelhantes, 20 dos 27 governadores estaduais assinaram carta alertando contra o perigo para a democracia representado pelas atitudes do presidente. Neste cenário, a resistência democrática dá passos, fortalecendo o chamado por uma ampla frente democrática contra a ameaça fascista. E os trabalhadores conseguiram uma vitória histórica contra o desmonte da Petrobras e do Estado brasileiro: a greve dos petroleiros terminou vitoriosa!

Atentado a tiros contra Cid Gomes e a democracia – O senador Cid Gomes (PDT-CE) foi baleado no tórax na quarta-feira (19) em Sobral (CE). Prontamente atendido, ele não corre risco de morte depois de tentar negociar com soldados rebelados nas proximidades do batalhão da Polícia Militar. Na ocasião, viaturas da polícia circulavam pela cidade com homens encapuzados mandando fechar o comércio. Para ministros do STF, a greve é ilegal e inconstitucional. Segundo Ricardo Lewandowski, o movimento é “um perigo para as instituições”. Na opinião de Alexadre Moraes, o aconteceu no Ceará é “inadmissível – um crime de dano ao patrimônio público, destruindo viaturas, tiros”. Quatro policiais militares foram presos por participarem do movimento e responderão por atos criminosos. Entre as lideranças do motim há um vereador bolsonarista, o Sargento Ailton, da PM, ligado a movimentos de direita e engajado na campanha de Bolsonaro em 2018. Ailton estava na barricada formada pelos policiais no momento em que o senador foi baleado. Dirigentes e parlamentares do PCdoB repudiaram o ataque cometido contra o senador Cid Gomes (PDT-CE).

O assassinato de um comunista – Afonso João Silva, presidente municipal do PCdoB de Jaciara (MT), era liderança destacada na luta pela reforma agrária e organizava, há mais de dez anos, o acampamento às margens da BR-364. Ele foi executado no sábado (15), em sua própria casa, no Assentamento Renascer União da Vitória, a 186 quilômetros da capital, Cuiabá. Em nota, a presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, exigiu apuração rigorosa. No comunicado da presidência, o PCdoB exige das autoridades o rigor da Lei, que se investigue, julgue e prenda os culpados. Aos dirigentes, militantes e familiares, a solidariedade e o pedido de paz e justiça no campo.

Democracia em perigo – O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) alertou para a ameaça à democracia em curso no País. Ele citou vários episódios da escalada autoritária do governo Bolsonaro, como os ataques à imprensa, ao Congresso e a adversários políticos. “Usar Lei de Segurança Nacional contra o ex-presidente Lula, por críticas políticas, é medida arbitrária e de perseguição. Assim como é um disparate um general ousar ameaçar o Congresso Nacional. São graves sinais de uma democracia em perigo”, escreveu. Alerta semelhante foi feito pelo vice-presidente nacional do PCdoB, Walter Sorrentino, para quem prossegue e se agrava a marcha da deriva do Brasil sob direção de Bolsonaro. “É o fim da picada”, escreveu. O general Heleno, da ala mais autoritária do governo da direita, rosnou contra o Congresso: “Não podemos aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo. Foda-se”, disse ameaçadoramente, na quarta-feira (19). O presidente do Senado, Davi Alcolumbre reagiu contra essa ameaça e anunciou que vai pedir a convocação do general. Outro sinal ameaçador contra a democracia é a pretensão do ministro Sérgio Moro de iniciar uma demanda contra Lula com base na Lei de Segurança Nacional, um nefando resquício da ditadura militar de 1964. O pedido do ministro é por um suposto “crime contra a honra” de Bolsonaro. Outra voz que se juntou ao clamor pela ampla união dos democratas contra a ameaça fascista foi a do ex-ministro Gilberto Carvalho. Para ele, a esquerda não morreu, mas “está numa profunda crise” e precisa se reinventar – a começar pelo PT”.

Greve dos petroleiros – Vitória! – Após 20 dias de greve, os petroleiros conseguiram a suspensão das demissões na Fafen-PR e uma reunião com o TST (Tribunal Superior do Trabalho) para negociar suas reivindicações, como o cumprimento do Acordo Coletivo. Balanço da Federação Única dos Petroleiros (FUP) mostra que a paralisação atingiu 121 unidades da Petrobras. Nos tempos de obscurantismo bolsonarista, a greve dos petroleiros reforça a resistência antiautoritária, contra o desmonte da Petrobras e das instituições do Estado nacional. Houve decisões monocráticas da Justiça contra a greve, as quais foram criticadas por entidades como a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia. Sob o aval da liderança da Minoria na Câmara dos Deputados, dirigentes da FUP, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) e de outras categorias discutiram a integração da luta, que pode culminar ainda este ano numa greve geral contra os ataques aos trabalhadores movidos pelo governo Bolsonaro. A ex-presidenta Dilma Rousseff proclamou aos brasileiros: “Lute como um petroleiro”. A greve, suspensa na sexta-feira (21), já é histórica.

Revolta com a grosseria de Bolsonaro – Na terça-feira (18), o capitão-presidente voltou a manifestar sua ilimitada capacidade de grosseria e desrespeito, ao atacar, com machismo reles e vulgar, a jornalista da Folha de S. Paulo Patrícia Campos Mello. Foi Patrícia quem ajudou a revelar os disparos de mensagens mentirosas em massa na campanha eleitoral de 2018. Tentando desqualificar o trabalho da jornalista, Bolsonaro a atacou com insinuações sexuais – repetindo o que fez um ex-funcionário da Yacows em depoimento à CPMI das Fake News, dias antes. Foi prontamente repudiado por parlamentares da oposição. A líder da bancada comunista, deputada Perpétua Almeida (AC), pediu união para combater a postura de Bolsonaro. Para a líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (RJ), Bolsonaro tem de responder na Justiça pela insinuação grosseira e criminosa.

O Plano Menos Brasil de Bolsonaro e Guedes – Sob o pretexto de estabilizar a dívida pública e alcançar superávits primários, a equipe econômica do governo Bolsonaro entregou ao Congresso um pacote de maldade que pode tornar o serviço público ainda mais caótico. É o que mostra um estudo sobre o “Plano Mais Brasil” – na verdade, “Menos Brasil” –, que inclui três propostas de emendas à Constituição. A pior é a PEC 186, que pretende controlar o crescimento das despesas obrigatórias de pessoal ativo e inativo de todos os estados e municípios brasileiros, além de proibir a criação de novos cargos, realização de concursos, progressão e promoção funcionais, reajustes e revisões, redução de jornada de trabalho e salários. O estudo, de 29 páginas, subsidia a luta da oposição de oposição contra a destruição do Estado e do serviço público. Parlamentares preveem luta intensa no Congresso, nas ruas e na Justiça para barrar o desmonte.

20 dos 27 governadores contra Bolsonaro – Carta assinada por 20 governadores acusa as declarações do capitão-presidente de não contribuírem “para a evolução da democracia no Brasil”. Em uma bravata, Bolsonaro jogou a culpa pelos aumentos nos combustíveis aos governadores – e ainda disse que zeraria os impostos federais dos combustíveis se os governadores zerassem o ICMS. Ele também lançou suspeitas sobre a atuação da Polícia Militar da Bahia e sobre o governador do estado, Rui Costa (PT), no caso da morte do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, apontado como líder do grupo miliciano Escritório do Crime. Os chefes do Executivo estadual também convidam Bolsonaro para participar do próximo Fórum Nacional de Governadores, em 14 de abril. Só deixaram de assinar a carta os governadores de Goiás, Mato Grosso, Paraná, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Tocantins. “Depois do protagonismo do Congresso em grau poucas vezes visto, o isolamento do governo Jair Bolsonaro gerou outro fruto político inusual: a união da maioria dos governadores em um polo organizado de poder”, resume uma reportagem da Folha.

Direita nega anistia a lutadores do Araguaia – A decisão da Comissão da Anistia de negar 307 pedidos de anistia de camponeses perseguidos pela ditadura militar durante a Guerrilha do Araguaia, organizada pelo PCdoB como parte da resistência democrática à ditadura, é mais uma agressão à democracia. Argumentos de integrantes da Comissão são verdadeiras apologias aos crimes da repressão. O general Luis Eduardo Rocha Paiva, por exemplo, simplesmente negou que a Guerrilha tenha existido. Já o relator Henrique Araújo teve a desfaçatez de repetir um argumento da direita e dizer que “a Guerrilha do Araguaia não foi movimento legal e nem legítimo de oposição ao regime de 1964”.

O golpe da “carteira verde e amarela” – O governo direitista de Bolsonaro e Paulo Guedes piora a contrarreforma trabalhista de Temer, que gerou multidões de desempregados, e tenta aprovar a famigerada MP 905, que cria a “Carteira Verde e Amarela”, sem direitos sociais e trabalhistas. Ela “formaliza, na verdade, o trabalho informal, em nada contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento. A continuar assim, a força de trabalho no Brasil será a de um exército de trabalhadores informais”, critica o senador Paulo Paim (PT-RS).

Mais pobres perdem renda – É o que mostra estudo da FGV a partir de dados do BGE. “A renda da metade mais pobre caiu 19% enquanto a renda do 1% mais rico aumentou 10%”, diz o economista Marcelo Neri, coordenador do estudo, que calculou a desigualdade na renda entre 2012 e 2019 – consequência do desemprego e dos cortes no Bolsa Família, diz ele.

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