Estados do Nordeste avançam nos índices de desenvolvimento educacional

Embora ainda desiguais, estados são os que mais avançam no Ideb do ensino médio desde 2005.

Dos dez estados brasileiros que avançaram no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do ensino médio entre 2005 e 2017, quatro são do Nordeste: Pernambuco, Piauí, Maranhão e Ceará.

O ranking foi elaborado pelo Instituto Unibanco e divulgado pelo jornal O Globo neste domingo (23).  

O Ceará era o 11º em 2005 e subiu para quarto em 2017. Pernambuco saltou da 20ª posição para a terceira, e o Maranhão, da 25ª para a 14ª. Já o Piauí saiu da penúltima posição para a 16ª.

“Não há solução mágica. Foi um trabalho de continuidade, que ultrapassou governos, uma política de Estado. Organizaram a rede, estabeleceram metas ousadas, mas factíveis e com sistema de monitoramento forte. As ideias vêm das próprias escolas. No Piauí, uma diretora percebeu que alunos do ensino médio faltavam muito na sexta-feira e decidiu botar baião de dois no almoço. O absenteísmo caiu”, conta Ricardo Henriques, do Instituto Unibanco.

Na taxa de abandono do ensino médio, onde a evasão é maior, o movimento se repete. Dos dez estados que mais melhoraram, oito são da região, e o ranking é liderado por Pernambuco, onde a taxa de abandono é de 1,2%. Em 2007, era de 24%. Para o pesquisador da consultoria IDados Guilherme Hirata, o fenômeno ainda é localizado. Ele aponta o Ceará como o caso mais evidente: “Sobral tem a melhor rede do país no quinto e nono ano”.

Outro caso bem conhecido, destaca Hirata, é o ensino médio de Pernambuco, que aposta no tempo integral: “Mas não foi só tempo integral. Houve melhoria na gestão, mais tempo de estudo em português e matemática”.

De 8 escolas para 400

Paulo Câmara (PSB), governador de Pernambuco, diz que educação é prioridade e um trabalho de longo prazo, que começou em 2007:

“Sabemos o que ocorre em cada escola de Pernambuco. Em 2007, o estado só tinha oito escolas com tempo integral, com menos de 2% dos alunos, e hoje tem 400, com 62%. A meta é chegar a 70% em 2022”.

No Ceará, Laura Machado, especialista de educação na cátedra do Instituto Ayrton Senna no Insper, vê avanço maior no ensino fundamental:

“Há um programa de incentivo para os municípios, com o ICMS. Quem apresenta bons resultados só recebe metade do prêmio. Só recebe a outra metade se ajudar outra cidade que está mal. É uma política de difusão de boas práticas muito forte”.

No Piauí, a capital é o destaque. Teresina aparece como a melhor no Ideb do ensino fundamental há cinco anos.

“Outra cidade, a de Cocal de Alves, coleciona uma lista de prêmios imensa. Mas não conseguiram ainda difundir as boas práticas”, aponta Laura.

O Globo