E se Bernie Sanders for o único democrata capaz de vencer Trump?

Um número cada vez maior de pessoas no Partido Democrata enxerga no senador “socialista” a melhor opção de vitória na eleição de novembro

Os rivais democratas de Bernie Sanders asseguram que indicar o autodenominado “democrata socialista” na disputa à Casa Branca vai garantir a reeleição de Donald Trump. Mas um número cada vez maior de pessoas no partido enxerga no senador de Vermont a melhor opção de vitória na eleição de novembro.

O desempenho de Sanders no cáucus (prévias) de Nevada, impulsionado por um apoio cada vez maior em diferentes idades, raças e ideologias, acendeu o sinal vermelho no Partido Democrata. Autoridades da legenda acreditam que colocar o progressista como a maior de suas apostas reduz as chances do partido.

A elegibilidade de Sanders foi um dos principais temas do debate presidencial democrata de terça-feira na Carolina do Sul. Rivais afirmaram que suas ambiciosas ideias políticas, como o Medicare for All – que substituiria o seguro de saúde privado –, seriam uma “catástrofe” eleitoral, custando ao partido a Casa Branca e o controle do Congresso.

Mas as últimas pesquisas da Reuters/Ipsos têm mostrado o crescente avanço de Sanders na corrida – uma quase vitória em Iowa, uma vitória apertada em New Hampshire e uma vitória decisiva em Nevada. Tudo isso tem lhe dado mais credibilidade com os eleitores democratas.

Aproximadamente 26% dos democratas e independentes entrevistados entre 17 e 25 de fevereiro disseram acreditar que Sanders era o democrata mais forte em um confronto direto com Trump. Em comparação, 20% escolheram o empresário bilionário Michael Bloomberg e 17% nomearam ex-vice-presidente Joe Biden. Trata-se de uma grande mudança em relação a janeiro, quando 27% dos entrevistados deram a Biden a vantagem e apenas 17% entenderam que Sanders poderia vencer Trump.

Em Nevada, Sanders ganhou o apoio da maioria dos eleitores latinos e liderou a maioria dos grupos demográficos (gênero, renda e tendências políticas). As exceções ​​foram as pessoas com 65 anos ou mais, bem como os eleitores negros, dos quais a maioria apoiou Biden. Mas, aparentemente, isso está mudando. Conforme a pesquisa Reuters/Ipsos, Sanders ultrapassou Biden entre os eleitores negros pela primeira vez em todo o país.

As primárias da Carolina do Sul no sábado serão o primeiro grande teste do apelo de Sanders entre os eleitores afro-americanos, que representam cerca de 60% do eleitorado democrata desse estado. Três dias depois, 14 estados norte-americanos votarão na “Superterça”, quando Sanders poderá criar uma vantagem esmagadora se capturar a maior parte dos delegados disponíveis.

Seu caminho foi facilitado pela fragmentação entre candidatos moderados. Biden, o prefeito Pete Buttigieg e senadora Amy Klobuchar – que consideram as políticas de Sanders radicais demais – enfrentam dificuldades. Além disso, o nome de Michael Bloomberg aparecerá em cédulas pela primeira vez apenas na Superterça.

Segundo Sanders, o entusiasmo que impulsiona sua campanha levará a uma participação recorde em novembro, principalmente entre jovens e pessoas que costumam não votar. “Uma grande participação de eleitores significaria que os democratas menos votados terão melhor desempenho do que no passado”, disse ele, no sábado, em El Paso, Texas. “Nossa campanha é a campanha para fazer isso: temos a energia, temos a emoção, temos o movimento popular”.

No debate de terça, Sanders disse que o maior equívoco sobre ele “é que as ideias de que estou falando são radicais”. Ele argumenta que essas ideias “existem em países de todo o mundo. Saúde é um direito humano. Temos a necessidade, o imperativo moral, de abordar a ameaça existencial das mudanças climáticas. Outros países estão fazendo isso”.

Depois de obter a maioria na Câmara dos Deputados dos EUA em 2018, dezenas de democratas defenderão cadeiras em áreas de tendência republicana. Nas últimas semanas, vários democratas moderados se mostraram abertamente preocupados com o fato de Sanders, no topo da lista, arriscar-se a virar esses lugares.

“Ouvi dos eleitores que temem fazer uma escolha entre um socialista autodeclarado e um aspirante a ditador”, disse a deputada Stephanie Murphy, da Flórida, co-presidente da Coalizão Blue Dog de democratas moderados do Congresso, referindo-se a Sanders e Trump. “Essa não é uma escolha que qualquer americano deveria fazer.”

Pesquisas divulgadas pela campanha de Bloomberg na terça mostraram os eleitores em 42 dos distritos mais vulneráveis ​​dos democratas da Câmara preferindo Trump a Sanders. Mas os fatos não necessariamente corroboram essa suposta tendência. É o que aponta, por exemplo, o jovem Cameron Brand, de 24 anos, consultor de Plymouth, New Hampshire.

Brand disse conhecer pessoas que votaram em Trump em 2016 porque não gostavam dos democratas convencionais, mas votariam em Sanders. “Embora ele esteja sendo rotulado como esse esquerdista radical, ele realmente tem muitas políticas com as quais a maioria dos americanos concorda”, disse Brand. “Ele fala as coisas como elas são – ele diz a verdade!”

Com informações do Estadão

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