Empresários discutem em grupo de WhatsApp financiar ato golpista

Segundo a reportagem, um grupo de WhatsApp batizado de “Mkt Bolsonaro” está sendo usado para uma discussão dos atos convocados para o próximo dia 15 de março.

(Foto Agência Brasil)

Após revelar a ação de Bolsonaro compartilhando um vídeo por WhatsApp convocando a população para protestos no dia 15 contra o parlamento e o STF (Supremo Tribunal Federal), a jornalista Vera Magalhães divulgou nesta quarta-feira (26), no BRPolítico do Estadão, que empresários, investidores do mercado financeiros e blogueiros estão num grupo convocando e falando em financiamento para a manifestação.

Segundo a reportagem, um grupo de WhatsApp criado em setembro de 2018 e batizado de “Mkt Bolsonaro” está sendo usado para uma discussão dos atos convocados para o próximo dia 15 de março em defesa do governo Jair Bolsonaro e contra o Congresso.

O grupo conta com participação de empresários, investidores do mercado financeiro, blogueiros de sites bolsonaristas, comentaristas políticos e até um integrante do governo, o secretário Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa.

O investidor Otavio Fakhoury, financiador do site Crítica Nacional , e o editor do mesmo site, Paulo Enéas, faz parte do grupo Mkt Bolsonaro. No último dia 21, antes, portanto, da divulgação, por parte do presidente, vídeos que convocam as pessoas para as manifestações de 15 de março, Fakhoury bate na boca com um representante do vem para a rua no grupo, pelo fato de que o movimento não é declarado apoio aos protestos. E anunciou que pretende “ajudar a pagar o máximo de caminhões que puder” para os atos. “Convocarei todos que eu conhecer”, afirmou.

Na discussão, o investidor ainda emendou: “Não vou deixar esses canais derrubar esse governo”.

Antes de Fakhoury anunciar que pretende financiar uma infraestrutura do ato de governo e anti-Congresso, um representante do Vem para a Rua tenta argumentar que grupo ou grupo não suporta algumas manifestações de Bolsonaro, como o caso de seu filho Flávio e a criação do juiz de direito . “O Vem pra Rua não pára na rua, ele dá voz à rua”, diz ela.

Fakhoury responde, irritado: “Quando era o PT roubado de cofres públicos e compreendendo o Congresso com gasolina, mensalmente, etc. essas energias não eram viam nada de autoritário… Agora é que eles veem? Aah, eu poupem. Canalhas! E segue: “Tenho informações de lá da BSB (Brasília). Temos que todos irmos pra rua ou quanto antes. VPR não quer ir beleza, nenhuma surpresa ”.

Otavio Fakhoury não é um personagem novo na tropa de choque bolsonarista. Ele apareceu na extensa reportagem da revista Crusoé de outubro de 2019 intitulada “ Os blogueiros de crachá ”. Já foram reveladas conversas em grupos do WhatsApp, bolsistas dos quais participam assessores de gabinetes de parlamentares do PSL e palacianos, como Filipe Martins.

Uma reportagem mostrada como ele organizou um encontro secreto em abril desse ano em um hotel em São Paulo para, nas suas palavras (o áudio estava reportando), “planejamento de guerra”. Filipe Martins participou do encontro. De acordo com Fakhoury, uma ideia era transformar o hotel numa central de respiração, e a imprensa não poderia saber.

Como discrição não é uma marca desses grupos bolsonaristas, vazados como conversas e até uma foto do encontro dos “conspiradores”.

Uma reportagem da revista ainda demonstrada como Fakhoury atuou em parceria com Martins pela derrubada do general Carlos Alberto Santos Cruz da Secretaria-Geral da Presidência.

Na ocasião, eram outros grupos de WhatsApp revelados. Neste caso, o BRP teve acesso, que, como já foi divulgado, chama Mkt (abreviação de uma palavra marketing) Bolsonaro, figuras pessoais como o secretário Carlos da Costa e o analista político conservador Caio Coppolla, futuro comentarista da CNN Brasil, além de Fakhoury , Paulo Enéas e outros investidores, como Igor Duna Mansour. Os demais não se manifestaram na discussão sobre o Fakhoury, que está disposta a pagar quantos caminhões principais serão necessários no dia 15 de março.

Ouvir Otavio Fakhoury a respeito das postagens no grupo Mkt Bolsonaro nesta quarta-feira. Ele, que está nos Estados Unidos, me concedeu uma entrevista gravada, que será postada concomitantemente com esta reportagem aqui no BRP, que confirma a autenticidade da conversa e reafirma a seleção de bancos bancários de som para os atos do dia 15 – algo que costuma fazer, segundo ele, desde que manifestações pró-impeachment de Dilma Rousseff, com recursos exclusivos.

Ele afirmou que as informações que dizem respeito a Brasília não são fontes de governo, mas pessoas que moram lá, e que grupos dentro do Centrão estão dispostos a promover uma espécie de golpe para o presidente Bolsonaro e usar um “parlamentarismo branco” no brasil. Leia a íntegra da entrevista aqui.

Sobre a participação do secretário Carlos da Costa, do Ministério da Economia, em nenhum grupo, ele disse que o assessor de Paulo Guedes pouco participa das discussões, apenas divulga as ações da pasta que são de conhecimento público.

O BRP procurou Carlos da Costa nesta quarta-feira e o questionou sobre sua participação no grupo Mkt Bolsonaro e uma conversa sobre financiamento de infra-estrutura para os atos. Ele leu como mensagens com perguntas, mas não respondeu até o fechamento deste texto. Tão logo ele se manifesta, seus direitos serão incluídos aqui ou em publicação independente.

BRPOLÍTICO