Parlamentares reagem à convocação de Bolsonaro para ato anti-Congresso

Líderes de diferentes partidos no Congresso reagiram a vídeos compartilhados por Bolsonaro e aponta que presidente da República comete crime de responsabilidade.

(Reprodução)

Vários parlamentares da Bancada do PCdoB reagiram fortemente aos vídeos compartilhados por Bolsonaro a favor de ato contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, marcado para 15 de março. O presidente compartilhou os vídeos pelo seu WhatsApp na última terça-feira (25).

A líder do partido na Câmara, Perpétua Almeida (AC), lembrou outras manifestações golpistas emanadas pelo clã do Palácio do Planalto, para assinalar que “Bolsonaro e filhos nunca aceitaram a democracia”.

“Ele quer destruir a Constituição ao incitar o fechamento do Congresso e STF. Pare! Não permitiremos!”, frisou a líder da Bancada por meio de suas redes sociais.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) considerou o compartilhamento dos vídeos um ato “gravíssimo” do presidente da República. Ele citou o Artigo 85, II, da Constituição Federal, observando que Bolsonaro “comete crime de responsabilidade” ao convocar ato contra o Congresso Nacional.

“Os limites já foram ultrapassados faz tempo. Agora, as portas do Estado Democrático foram arrombadas. Não há mais como tolerar, e esse doente precisa ser contido com a energia da lei”, afirmou o parlamentar.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) também aponta que Jair Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ao convocar seus seguidores para o ato de 15 de março.

Para ela, foi um ato autoritário que ataca a democracia e a Constituição Federal. “Ao tentar jogar a nação contra o Congresso Nacional, o presidente comete crime de responsabilidade. Todos, independentemente de partido ou opção ideológica, devemos nos unir em defesa da democracia. Está aberta a nova temporada da resistência”, disse a deputada.

O deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) afirmou que a defesa do ato contra o Congresso “afronta a democracia, transgride a lei e apequena ainda mais o presidente”. “A democracia nos convoca a defendê-la com toda clareza e contundência. Não há neste caso nenhum silêncio que não seja cúmplice de golpismos e agressões à ordem constitucional”, assinalou.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), líder da Minoria na Câmara, conclamou as forças democráticas a se unirem “contra o fascismo em ascensão no País”. “Não dá pra encarar mais essa atitude do presidente como algo menor ou isolado”, sublinhou.

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), diz que a escalada autoritária do governo Bolsonaro deve ser enfrentada com a construção de manifestações de rua pela democracia e pelos direitos do povo.

“Dias 8, 14 e 18 de março serão importantes para mostrar indignação e enfrentamento. Outros tem de ser chamados pelas forças democráticas”, conclamou.

O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello deu o tom certo ao declarar que Bolsonaro não está à altura do cargo.

“O ministro mais antigo do STF resumiu o sentimento de repúdio do país inteiro sobre a conclamação de Bolsonaro a um ato contra a corte e o Congresso. ‘Isso revela a face sombria de um presidente da República que desconhece o valor da ordem constitucional’.

“Bolsonaro volta a tramar contra a democracia. Fica cada vez mais claro o viés golpista e autoritário que conduz o país ao caos. Querem incitar a população a esfacelar ainda mais o Estado brasileiro. Mas não temos medo de milicianos e fascistas que usam o povo para galgar novo golpe”, reagiu o líder do PDT, André Figueiredo (CE).

O líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), disse que Bolsonaro procura culpados para justificar a crise.

“Basta! O próprio presidente convoca ato contra a democracia? Como Bolsonaro não consegue oferecer uma vida melhor ao povo, procura culpados: o Congresso, o Judiciário, a imprensa.  As forças democráticas vão agir. Vamos nos unir para impedir outra ditadura!”, afirmou o deputado.

Segundo reportagem da colunista Vera Magalhães, Bolsonaro compartilhou de seu celular um vídeo convocando para a manifestação do dia 15 de março. O ex-deputado Alberto Fraga (DF), amigo do presidente, confirmou que Bolsonaro enviou o vídeo convocando o ato.