Posição sobre Israel-Palestina leva chanceler à Comissão do Senado

Nas tensões provocadas pelo Estado de Israel com a Palestina o governo do presidente Jair Bolsonaro assumiu o lado israelense.

Essa posição levou a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado a interpela-lo. O chanceler Ernesto Araújo deverá comparecer à Comissão para explicar a mudança de rota na política externa, informa o jornal O Globo.

Ela foi delineada em nota pública de apoio ao plano de paz para o Oriente Médio apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no final de janeiro. O plano tem sido criticado por favorecer Israel.

A proposta de Trump foi liminarmente rejeitada pela Palestina e por 21 países da Liga Árabe, porque entendida passível de ampliar o risco de conflagração no Oriente Médio.

O governo Bolsonaro se empenha num alinhamento com a administração Trump. E elegeu Israel como principal parceiro no Oriente Médio.

Resoluções das Nações Unidas

O Itamaraty, porém, decidiu ir além do realce nessas opções. Com prévio aval de Bolsonaro, o chanceler Araújo sinalizou, em nota, o abandono da tradicional postura de equilíbrio na defesa de uma solução negociada entre Israel e Palestina.

A proposta de Trump foi exaltada pelo Itamaraty como uma proposta “de paz e prosperidade”, “realista”, “ambiciosa” e “valiosa”, que permitiria “vislumbrar a esperança de uma paz sólida para israelenses e palestinos, árabes e judeus, e toda a região.”

Na essência, revogou-se uma característica da política externa nos últimos 73 anos, reafirmada pelo voto do Brasil em todas as resoluções das Nações Unidas sobre a disputa territorial Israel-Palestina, mesmo aquelas aprovadas com respaldo dos EUA ou sem o veto americano na ONU.