Trabalhadores e estudantes repudiam ofensiva autoritária de Bolsonaro

Presidente usou o WhatsApp para divulgar a manifestação golpista de 15 de março contra o Congresso e contra o STF

Democracia

Os movimentos sindical e estudantil protestaram com veemência contra a nova ofensiva autoritária de Jair Bolsonaro. Em pleno Carnaval, o presidente usou o WhatsApp para divulgar a manifestação golpista de 15 de março contra o Congresso e contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Há setores da extrema-direita que “vendem” essa manifestação como aval a um novo golpe militar no Brasil.

Na opinião de entidades que representam os trabalhadores e os estudantes, o avanço golpista, liderado por Bolsonaro e por setores das Forças Armadas, exigem “a máxima unidade de todas as forças sociais”. Os sindicalistas repudiaram a ação presidencial por meio de uma nota, assinada por CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), NCST (Nova Central de Sindical de Trabalhadores), CSB (Central de Sindicatos do Brasil), CSP Conlutas, Intersindical e CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil).

“O presidente ignora a responsabilidade do cargo que ocupa pelo voto e age, deliberadamente, de má-fé, apostando em um golpe contra democracia, a liberdade, a Constituição, a Nação e as Instituições”, denunciam as centrais. “Não há atitude banal, descuidada e de ‘cunho pessoal’ de um presidente. Seus atos devem sempre representar a Nação e, se assim não o faz, comete crime de responsabilidade com suas consequências.”

As entidades acusam Bolsonaro de violar o artigo 85 da Constituição Federal. Segundo esse artigo, o presidente da República incorre em “crime de responsabilidade” quanto atenta contra “o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação”.

“Não podemos deixar que os recorrentes ataques à nossa democracia e à estabilidade social conquistadas após o fim da ditadura militar e, sobretudo, desde a Constituição Cidadã de 1988, tornem-se a nova normalidade. Diante desse escandaloso fato, as Centrais Sindicais consideram urgente que o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional se posicionem e encaminhem as providências legais e necessárias, antes que seja tarde demais”, afirmam os presidentes das centrais.

“Aula sobre democracia”

Também em resposta à escalada antidemocrática de Bolsonaro, a UNE (União Nacional dos Estudantes) intensificou a mobilização para os protestos de 18 de março – o #18M. Chamados inicialmente para reforçar a luta em defesa da educação, os atos passam a ter um caráter mais amplo.

“Estaremos nas ruas no dia 18 de março no país inteiro”, informou a UNE, no Twitter. “Será um dia de luta pela educação e pela democracia. Nem os generais da ditadura foram capazes de calar a voz dos estudantes. #18M pelo Brasil e pelas liberdades democráticas.”

“Bolsonaro atenta contra o povo e Constituição Federal. Sugerir manifestações contra o parlamento é um ataque gravíssimo ao Brasil. Dia 18 de março estaremos nas ruas e daremos uma aula ao presidente sobre democracia”, reagiu a UNE. “Bolsonaro precisa respeitar as regras da democracia e da Constituição. Respeitar a liberdade de imprensa e a independência dos Poderes.”

A entidade também lembrou que “a pior fase da ditadura (1964-1985) se deu com o fechamento do Congresso”, logo após o general-presidente Costa e Silva decretar, em dezembro de 1968, o AI-5 (Ato Institucional Número 5). “Sem a independência dos poderes e os contrapesos do jogo democrático foi inaugurado o período de assassinato a opositores, censura, corrupção, proibição de reuniões políticas.”

Na opinião dos estudantes, é preciso valorizar a democracia brasileira, que “custou caro”. Sob o nefasto regime militar, “vidas foram tiradas pelo autoritarismo que perseguia os que lutavam por liberdades democráticas. É inaceitável e inconstitucional o presidente incitar o fechamento do parlamento. Bolsonaro, respeite a democracia!”.

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