Como a ditadura Pinochet desviou milhões para contas secretas nos EUA
Aplicações e bens do ditador serão devolvidos aos cofres públicos do Chile
Publicado 10/03/2020 21:01
Por quatro votos a um, a Corte Suprema do Chile concluiu em 2018 que as aplicações e os bens do ditador Augusto Pinochet (1915-2006) seriam devolvidos aos cofres públicos do país. Os fundos eram mantidos em contas secretas nos Estados Unidos. Conforme as autoridades, o ditador e pessoas ligadas a ele desviaram valores ilegalmente. Sob seu governo, entre 1973 a 1990, ele comandava uma das ditaduras militares mais violentas da América Latina.
Pinochet morreu em 2006, quando tinha 90 anos. De acordo com a Justiça, ele tinha 125 contas bancárias nos Estados Unidos. A investigação sobre sua vida levou mais de 14 anos e as autoridades definiram que mais de US$ 6 milhões foram desviados por ele e por seus assessores. O valor final, somatória dos valores que eram mantidos no banco Riggs de Washington, chegou a US$ 21 milhões.
A descoberta se deve à aprovação do Ato Patriótico no governo Bush, no qual foi permitido a quebra de sigilos pessoais. Por acaso, as autoridades do país se depararam com dados sobre as contas secretas do ditador. Segundo as autoridades chilenas, esse valor era de verba pública e foi desviado durante o período autoritário.
Mais tarde, senadores afirmaram que o banco havia ajudado Pinochet a conseguir esconder o dinheiro por alguns anos. Em 2004, o jornal The Washington Post publicou uma matéria sobre a descoberta. O Chile abriu, então, um processo judicial contra o ditador e mais seis militares de seu governo também suspeitos de corrução.
Como a descoberta só foi feita após 11 anos da morte do ditador, os juízes envolvidos no caso decidiram que as penas são pessoais – e, portanto, intransferíveis. Passada a fase de argumentação, a procuradoria recorreu, insistindo que a decisão caracterizava um crime continuado.
O caso intitulado Riggs reverteu uma crença muito presente no Chile, na qual a população acreditava que o ditador não era corrupto e o defendia. Pinochet foi condenado diversas vezes, mas não chegou a ser preso devido à idade e à condição de saúde. Nesta quarta-feira (11), o fim de seu governo ditatorial, a 11 de março de 1990, completa 30 anos.
Com informações do site Aventuras na História