Congressista acenam que não vão embarcar na vitimização de Bolsonaro
Consultados pelo jornal Folha de S.Paulo, deputados e senadores disseram ter identificado de imediato a estratégia de Bolsonaro
Publicado 17/03/2020 12:33 | Editado 17/03/2020 12:34
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Bolsonaro disse “viver ameaçado o tempo todo”. “Seria um golpe isolar o chefe do Poder Executivo por interesses outros que não sejam os republicanos”, afirmou na entrevista por telefone.
O recado de Bolsonaro foi feito aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que o criticaram pela presença no ato golpista e antidemocrático de domingo (15).
Consultados pelo jornal Folha de S.Paulo, congressistas disseram ter identificado de imediato a estratégia de Bolsonaro.
Para eles, o presidente começou a construir uma narrativa de que haveria um movimento para tirá-lo do cargo, uma maneira de se vitimizar.
“A avaliação entre líderes no Congresso é que não se pode cair na armadilha de Bolsonaro, embora também considerem que não há clima para defender o impeachment”, diz a matéria.
Essa estratégia ficou evidente na votação do PLN 4 (projetos de lei do Congresso) que regulamentou o controle sobre R$ 30 bilhões do orçamento impositivo.
Com parte do acordo, Bolsonaro assinou e enviou o projeto disciplinando a distribuição dos recursos. Em contrapartida, o Congresso manteria seu veto (52) que evitava que o relator ficasse com 100% do controle sobre o montante.
Mesmo com a aprovação, Bolsonaro negou ter feito negociação e se disse pressionado, o que irritou até mesmo parlamentares da sua base. Estava claro que ele acenava para seu público na rede.
Percebendo o jogo, Rodrigo Maia adotou um discurso conciliador nesta semana. Disse que é necessário olhar para o problema do povo.
Na segunda-feira (16), Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre e o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, se reuniram sem Bolsonaro para discutir ações de combate ao coronavírus. O governo foi representado pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Segundo líderes, é preciso definir um novo limite no relacionamento com o Executivo. Contudo, uma resposta mais enfática deveria vir após a crise do coronavírus.
“Dirigentes partidários e congressistas têm dificuldade em interpretar as ações de Bolsonaro. Para eles, o presidente dobra a aposta no conflito para mais uma vez criar uma cortina de fumaça sobre os resultados negativos da economia, que será fortemente afetada pelo avanço da Covid-19”.
Com informações da Folha