Suspensão de quarentena não impediria recessão, afirma economista

“A economia já perdeu. Resta saber se vamos perder também vidas ou não”, afirma João Sicsú, professor da UFRJ

O economista João Sicsú - Foto: Sindicato dos Bancários de São Paulo

Proposta por Jair Bolsonaro, a suspensão da quarentena não estancaria as perdas econômicas previstas com a pandemia do novo coronavírus, que provoca a doença Covid-19. A avaliação é de João Sicsú, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“A economia brasileira terá uma queda acentuada com a população em quarentena ou com todos trabalhando e voltando às aulas. A experiência dos países que entraram atrasados na quarentena mostrou que o vírus se dissemina rapidamente. Assim, se todos voltarem ao trabalho, em breve milhões estarão doentes e as empresas, escolas e universidades serão obrigadas a fechar suas portas por falta de empregados, consumidores, estudantes e professores”, ressalta o professor.

De acordo com Sicsú, “não há escapatória” para as perdas econômicas. “A economia já perdeu. Resta saber se vamos perder também vidas ou não”, afirma.

Ele destaca, ainda, que as perdas econômicas podem ser amenizadas com a liberação de dinheiro para ajudar empresas e trabalhadores, além dos mais pobres e miseráveis. Para garantir esses recursos, diz, o governo pode aumentar sua dívida ou imprimir dinheiro. “Ainda que em quarentena, [as pessoas] saberão irrigar a economia com os seus recursos”, avalia João Sicsú.

O professor qualificou a proposta de Bolsonaro de suspender a quarentena de “tresloucada”. “Apenas impõe um sofrimento maior para a população. Jamais conseguiria estancar as perdas econômicas. Imaginem o que aconteceria com a economia da Itália se continuassem desacreditando na voracidade do coronavírus”, comentou. Sicsú foi diretor de Políticas e Estudos Macroeconômicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) entre 2007 e 2011.

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