Golpe de 1964 foi o período mais vergonhoso da história brasileira

Vice-presidente usou as redes sociais para enaltecer o golpe militar e foi rechaçado por diversos parlamentares que destacaram um regime ditatorial marcado pelo fechamento do Congresso, perseguições e tortura

(Reproduçã do Twitter)

31 de março de 2020. A data marca os 56 anos do golpe militar que instalou uma ditadura no Brasil. Nesta terça-feira (31), o vice-presidente, general Hamilton Mourão, usou suas redes sociais para fazer a defesa explícita da data. Em um tuite, Mourão afirmou que “as FA [Forças Armadas] intervieram para enfrentar a desordem, subversão e corrupção que abalavam as instituições”.

Após a declaração, Mourão foi duramente criticado nas redes e hashtag #ditaduranuncamais foi parar no topo dos assuntos mais comentados do Twitter.

A bancada do PCdoB também criticou a fala do general. A líder da legenda na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC), afirmou que o 31 de março é uma “data triste de nossa trajetória” e que é preciso união para que não volte a se repetir.

“É certo que o 31 de março de 1964 está na história. E na história deve ficar, porque é uma parte triste de nossa trajetória nacional. O golpe de 1964 foi o ápice da incidência da guerra fria sobre a Nação e a nacionalidade. Nesse momento, onde novamente o radicalismo ideológico, liderado desta vez pelo próprio presidente da República, volta a dividir profundamente nossa Nação, lembrar o 31 de março deve servir apenas para reafirmar que devemos superar essa recidiva que volta como uma grande farsa a nos dividir novamente. Mais que nunca, é preciso voltar a unir os brasileiros em torno de seu futuro grandioso, superando os tristes episódios, seja de 1964, seja do radicalismo ideológico nefasto de Bolsonaro nos dias atuais”, disse.

A deputada Alice Portugal (BA) lembrou que a ditadura foi um período sangrento da nossa história. “Tortura, mortes, prisões, imprensa censurada, Congresso fechado. Um período de terror e autoritarismo. Precisamos lembrar para que nunca mais aconteça”, postou em sua conta no Twitter.

O deputado Daniel Almeida (BA) também comentou o tema. “Foi uma época sombria e difícil para o povo brasileiro, muitas pessoas ainda sofrem com as perdas e os danos que essa época causou”, disse.

Além de Mourão, o próprio Ministério da Defesa divulgou um texto na segunda-feira (30) no qual afirma que 31 de março de 1964 foi um movimento que representou um “marco para a democracia”.

A deputada Jandira Feghali (RJ), no entanto, rebateu a afirmação. “Nunca foi pela democracia! O golpe de 64, em 31 de março, ceifou vidas inocentes e, acima de tudo, iniciou o período mais vergonhoso na nossa história. Não foi revolução, foi golpe. Censura, tortura, assassinatos. O golpe militar manchou o Brasil e isso jamais será esquecido”, enfatizou.

Já o deputado Orlando Silva (SP) afirmou que um período tão “tenebroso” na história brasileira, “não pode ser enaltecido”. “O golpe pertence ao lixo da história, que não aceita ser reescrita”, postou.

Em sua página no Instagram, o deputado Márcio Jerry (MA) enalteceu a democracia e a liberdade ao criticar o período ditatorial. “Há 56 anos o Brasil era açoitado pela face cruel da Ditadura Militar. O golpe mais terrível e sangrento já implementado contra o povo brasileiro, contra as liberdades e garantias individuais do ser humano, um golpe contra a vida e contra os valores fundamentais da nação. Centenas de pessoas foram assassinadas brutal e covardemente somente por discordarem de tal sistema. Ninguém podia pensar por si mesmo. Ninguém podia falar, escrever, cantar versos que desagradassem aos tais generais”. Por isso, apesar de estarmos tendo nossas vidas e nossos sonhos novamente fustigados pelos ventos maléficos do autoritarismo, neste 31 de março exalto a nossa democracia. A liberdade é o nosso maior patrimônio. Um homem/mulher sem liberdade é um ser sem vida. A liberdade não pode ser efêmera. A liberdade é um bem inegociável. Ditadura, nunca mais! Viva a Liberdade! Viva a Democracia! Viva o Brasil de todos nós”, escreveu na plataforma.

Supressão da liberdade

O senador Humberto Costa (PT-PE) diz que o golpe de 64 é marco para uma noite de 21 anos que caiu sobre o Brasil.

“É marco da supressão de liberdades e da própria democracia. É marco de torturas, desaparecimentos e mortes que são feridas abertas pra sempre na nossa história”, afirmou o senador.

Para o líder da Oposição na Câmara, André Figueiredo (PDT-CE), trata-se de um dia para ser guardado na memória e não deixar que se repita.

“É um dia pra lembrarmos dos que lutaram muito pelo direito à democracia, mesmo às custas de suas vidas, e combatermos duramente os que se opõem a ela”, considerou.

“Ditadura Nunca Mais! Em 31 de março de 1964 a Constituição foi rasgada por um golpe militar. Com ela rasgaram também a democracia. Lembrar para que nunca mais aconteça! #DitaduraNuncaMais”, escreveu no Twitter a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP).

O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) afirmou que o golpe que ceifou inúmeras vidas e acabou com as liberdades não pode ser, de forma alguma, comemorado, muito menos por quem deveria defender a democracia.

“Foram mais de 20 anos de sofrimento num dos períodos mais nefastos da nossa história. #DitaduraNuncaMais”, publicou no Twitter.

A ditadura militar durou de 1964 a 1985. No período, o Congresso Nacional foi fechado; houve perseguição aos opositores do regime, com tortura e mortes; e censura à imprensa.

PCdoB na Câmara

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Um comentario para "Golpe de 1964 foi o período mais vergonhoso da história brasileira"

  1. Darcy Brasil disse:

    Mourão, informado pelo movimento que visa afastar Bolsonaro, definiu-se pelo apoio dos fascistas,que atuam nos quartéis, e dos milicianos, que agem nas trevas da ilegalidade. Desse modo, ele sinaliza o desejo de ser a continuidade do governo que nos infelicita, mantendo intactos os seus fundamentos. O general Mourão, lá atrás, ainda durante o governo Dilma, já havia chamado a atenção para o seu perfil reacionário protofascista. Por isso, não foram poucos os que estranharam o seu estilo “Mourãozinho, Paz e Amor”, que passou a adotar após eleito vice-presidente, satisfazendo o desejo de racionalidade clamado pela imprensa tradicional, cônscio de que inevitavelmente essa mídia, vocalista da plutocracia, trabalharia para que ele substituísse o miliciano, em uma crise institucional que Bolsonaro certamente produziria. Se Bolsonaro, desde o início, sempre representou uma ameaça de golpe, Mourão simultaneamente, sempre significou o falso herói general que resistiria ao golpe e assumiria o posto de Bolsonaro, ungido pelas forças conservadoras, que nele se esforçariam por colar a fama de herói da democracia. O fim da era Bolsonaro se aproxima. Seus dias de glória parecem contados. A ele sucederá apenas os rituais farsecos da democracia de fachada. Como aquela sequência de caixas em que, dentro da primeira, se encontra a segunda, dentro da segunda, uma terceira, e assim ao infinito, parece que estamos em vias de assistir a substituição da “ditaducracia” de Bolsonaro pela “democradura” de Morão. Conclusão: uma mudança de embalagem para vender a mesma mercadoria cancerígena. General Mourão é um FASCISTA pós-moderna, por isso, devemos a ele nos referir como um NEOFASCISTA, dado a adequação dos métodos aos novos tempos.

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