Países em desenvolvimento serão mais castigados pela crise da Covid-19

A maioria dos países se prepara para um provável aumento de casos de coronavírus até abril, e os sinais enviados pelo mundo em desenvolvimento preocupam.

Apesar dos índices de ações, títulos e moedas terem subido na semana passada, quando países como Índia, Brasil e África do Sul adotaram medidas sem precedentes para sustentar as economias, a queda de sexta-feira foi um lembrete de que a turbulência está longe de terminar.

Segundo a agência Bloomberg, as negociações começaram mal a segunda-feira: ações e moedas de mercados emergentes seguem sob pressão e o petróleo chegou a cair para o menor nível em 17 anos.

“Achamos que é muito cedo” para dizer que o pior já passou, disseram em relatório aos clientes estrategistas do Deutsche Bank liderados por Drausio Giacomelli, em Nova York, informa a Bloomberg.

Pacotes de estímulo “são, em grande parte, insuficientes para enfrentar uma crise prolongada e é crucial que as medidas atuais sejam suficientes para conter a pandemia globalmente. Isso ainda não sabemos”, disseram.

Governos da Ásia têm adotado medidas adicionais para combater o impacto do vírus. Na segunda-feira, o Banco Popular da China fez o maior corte da taxa de juros cobrada em empréstimos para bancos desde 2015.

No domingo, o presidente do banco central das Filipinas, Benjamin Diokno, disse que a autoridade monetária está pronta para sustentar a economia com mais cortes dos juros e compras de títulos do governo.

Mais regiões impuseram bloqueios na segunda-feira, como a ilha turística tailandesa de Phuket, enquanto Indonésia e Vietnã se preparavam para possíveis quarentenas nas maiores cidades.

O rand caiu para nível recorde no começo da segunda-feira, depois que a Moody’s Investors Service cortou a nota de crédito da África do Sul para junk, ou alto risco, na sexta passada.

O país pode recorrer ao Fundo Monetário Internacional pela primeira vez para pedir financiamento, afirmou o Sunday Times, de Joanesburgo, citando o ministro das Finanças, Tito Mboweni, de acordo com a Bloomberg.

“Nos grandes mercados emergentes da economia mundial – como Brasil, Argentina, África Subsaariana, Índia, Tailândia e Malásia -, o vírus ainda não chegou com força total”, segundo artigo publicado na “Foreign Policy” de Adam Tooze, historiador econômico da Universidade Columbia e autor de “Crashed”, um relato da crise de 2008.

“Com as populações em risco, as finanças públicas no limite e turbulência nos mercados financeiros, muitos estados de mercados emergentes e países em desenvolvimento enfrentam um enorme desafio.”