Diante da crise, Alberto Fernández escolhe o povo argentino

Elogiado até por eleitores da oposição pela rápida atuação frente ao coronavírus, presidente da Argentina é prejudicado por ataques de grupos ligados ao ex-presidente Mauricio Macri, aliado de Jair Bolsonaro

Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Sintonizado com as medidas de combate ao coronavírus e de proteção aos trabalhadores, implementadas pelos principais líderes mundiais, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, proibiu, por decreto, demissões pelo período de 60 dias, salvo em casos de afastamentos por justa causa. Ao mesmo tempo, autorizou a liberação de 30 bilhões de pesos ao Fundo de Garantia Argentino, que permitirá o acesso a empréstimos para capital de giro para micro, pequenas e médias empresas.

Elogiado por governadores e até por eleitores da oposição pela condução da crise na Argentina, Alberto Fernández tem sido alvo, no entanto, de ataques de grupos ligados ao ex-presidente Mauricio Macri, aliado do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

Derrotado nas últimas eleições depois de uma administração catastrófica que empurrou a Argentina para uma recessão aguda e um consequente aumento da pobreza, o partido de Macri, Proposta Republicana (PRO), vem atrapalhando como pode o combate ao coronavírus em solo argentino, tal como Bolsonaro vem fazendo no Brasil.

Segundo o jornal Pagina12, parte da coalizão “Juntos pela Mudança”, associada a Macri, tem promovido ataques raivosos ao governo nas redes sociais. O diário assinala que os radicais macristas exigem uma redução dos salários dos políticos mas se ausentaram do debate sobre cortes nas aposentadorias de juízes. O jornal registra ainda que apesar do aparente silêncio, Mauricio Macri “parece colocar-se do lado beligerante contra o governo, aliando-se a empresários e considerando que a saúde não tem tanta prioridade”.

Em contraste com Bolsonaro, que vem colocando em risco a vida de brasileiros ao defender de modo insano um afrouxamento do isolamento social, Alberto Fernández segue trabalhando com urgência para proteger a população e amenizar os efeitos da pandemia que vem devastando empregos pelo mundo. As medidas do presidente, que reafirmaram seu compromisso com o povo argentino, tiveram efeito imediato: a empresa Techint, que havia demitido 1.450 funcionários sem justa causa, foi obrigada a voltar atrás na decisão e readmitir todos os empregados. Em discurso histórico em cadeia nacional, no dia 29 de março, Alberto Fernández deixou claro que a manutenção de todos os empregos é uma prioridade de sua administração.

“Não podemos desamparar alguém deixando-o sem trabalho”, disse. “O que se trata aqui, para muitos empresários, é de ganhar menos. Não de perder. Então, rapazes, chegou a hora de vocês ganharem menos. E isso eu vou fazer respeitar”, garantiu Fernández. O discurso provocou uma reação calorosa dos argentinos, que foram às janelas de suas casas aplaudir o presidente.

Segundo informações do Página12, Alberto Fernández esteve com representantes da Central Geral dos Trabalhadores (CGT) para avaliar os impactos da pandemia na classe trabalhadora. De acordo com dirigentes sindicais, a economia argentina, profundamente afetada pelo desastre do governo anterior, poderá sofrer ainda mais com os efeitos do coronavírus.

No início da semana, Fernández esteve com o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodriguez Larreta, do partido opositor PRO. Os dois discutiram medidas para restringir ao máximo a circulação de pessoas durante o período de isolamento social na capital argentina. Ele anunciou a prorrogação da quarentena por mais duas semanas.

Agência PT com informações de Página 12 e Carta Maior

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