A Batalha da China contra o coronavírus IV – O Hospital Huoshenshan

Quarta parte do Especial “A Batalha da China contra o coronavírus – um relatório de atividades diárias de 23 de janeiro a 23 de fevereiro”, trazendo a íntegra do texto publicado, no Brasil, pela editora Contraponto, com tradução de Gaio Doria.

O livro oferece um precioso registro de como a China lidou e lida com a pandemia que assola (e muda) o mundo em que vivemos. Publicaremos a íntegra em 10 partes.

Parte I – Especial: A Batalha da China contra o coronavírus

Parte II – A Batalha da China contra o coronavírus II – “Seja forte, meu filho”

Parte III – A Batalha da China contra o coronavírus III – Membros do PCCh, Avante!

Neste link o livro em PDF. Boa leitura.

Bem-vindos ao Lar

Um viajante de Hubei chega ao Aeroporto Internacional Tianhe, em Wuhan, procedente de Bangkok / Foto de Cui Meng, Global Times

Hoje à noite (31/01), os viajantes de Hubei que lutavam para voltar para casa chegaram em segurança ao Aeroporto Internacional Wuhan Tianhe, procedentes de Bangkok, Tailândia. O aeroporto foi decorado com cartazes emocionantes, com mensagens como “Bem-vindos ao Lar” e “Wuhan, permaneça forte”.

Por causa do surto de coronavírus, os viajantes da Província de Hubei, particularmente sua capital, a cidade de Wuhan, foram confinados. O governo chinês enviou voos fretados para trazê-los de volta a Wuhan. Neste momento crítico, a atitude deu ao povo chinês uma sensação de segurança: o país sempre os apoia onde quer que estejam. O povo certamente vencerá a epidemia.

(traduzido de artigos em ccdi.gov.cn)

Toda a China, 1 de fevereiro de 2020

– O primeiro-ministro Li Keqiang inspecionou a Plataforma Nacional para Fornecimento e Alocação de Suprimentos Médicos Importantes para Prevenção e Controle de Epidemia. Ele enfatizou que um abastecimento seguro de suprimentos médicos importantes foi um pré-requisito para conter o vírus.

– Segundo estatísticas do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação, em 1º de fevereiro, Hubei recebeu 117 mil das 136 mil roupas de proteção, 131 mil das 134 mil máscaras N95 e 110 mil dos 188 mil óculos e proteções faciais enviados por empresas. Além disso, a produção diária de roupas (macacões) de proteção chegou a 20 mil em 1º de fevereiro, mais do que o dobro do número do dia 28 de janeiro, que era de 8 mil.

A produção de máscaras acelera

Uma fábrica de máscaras médicas trabalha em turnos 24 por 7, na cidade de Zhangzhou, província de Fujian

No dia 24 de janeiro de 2020, dezoito hospitais em Wuhan publicaram seus pedidos através da conta do Hubei Daily no Wechat. Eles estavam buscando apoio do público para diminuir o tempo dos processos de aprovisionamento de suprimentos: “Precisamos urgentemente de óculos, máscaras N95, roupas de proteção e proteções faciais.”

A produção anual de máscaras médicas na China representa 50% do total mundial, com uma produção diária máxima de 20 milhões de unidades. Destas, a produção diária de máscaras cirúrgicas é de 2,2 milhões de unidades e as máscaras N95, de 0,6 milhão de unidades, uma proporção muito pequena do total geral. Além disso, foi difícil trazer os trabalhadores de volta ao trabalho durante o feriado do Ano-Novo Chinês. Então, naturalmente, durante o surto de COVID-19, a produção e entrega de máscaras foram menores do que o normal. Na cidade de Zhangzhou, província de Fujian, muitos produtores de máscaras estão acelerando a produção para garantir suprimentos suficientes para os médicos que estão trabalhando na linha de frente, lutando contra a epidemia.

Os suprimentos médicos são, em sua maioria, descartáveis. O consumo diário de suprimentos médicos em Wuhan é enorme. Estima-se que um hospital com seiscentos leitos emprega 1 mil a 1,8 mil médicos, quatro turnos por dia, com trezentas a quinhentas pessoas por turno. Como eles trocam máscaras a cada quatro horas, o consumo diário de máscaras no hospital é de 1 mil a 2 mil unidades, e o consumo semanal de 7 mil a 15 mil. Wuhan tem mais de vinte hospitais, e as equipes médicas consomem de 140 mil a 300 mil máscaras por semana. Enfrentando o surto repentino da epidemia, nem os hospitais nem o governo possuem reservas suficientes de suprimentos médicos para cobrir um consumo tão grande.

As fábricas de suprimentos médicos em todo o país retomaram a produção, operando em escala 24/7 com toda capacidade e com trabalhadores organizados em turnos. Espera-se que a produção acelere para atender à urgente demanda para todos os suprimentos médicos demandados.

(traduzido de reportagens de yicai.com)

O governo da província de Hubei envia quatro helicópteros todos os dias, desde 1º de fevereiro, para fornecer os suprimentos médicos necessários a quatro partes da província / Foto de Wang Hu – Agência de Notícias Xinhua

Wuhan, 2 de fevereiro de 2020

– Respondendo a uma ordem do presidente Xi Jinping, o Exército Popular de Libertação destacou 1,4 mil militares da área da saúde para cuidar do Hospital Huoshenshan, em Wuhan, e começar a receber pacientes no dia seguinte.

– Em uma reunião do Grupo Central para Prevenção e Controle do COVID-19, o primeiro-ministro Li Keqiang instruiu que um horário de trabalho flexível fosse adotado em algumas províncias, conforme as necessidades impostas pelo desenvolvimento da epidemia; que o controle da epidemia fosse melhorado; e que o fornecimento dos mercados fosse garantido. Ele enfatizou a importância de um maior apoio em suprimentos médicos para Hubei, especialmente Wuhan e arredores.

– 68 equipes médicas compostas por 8.310 membros chegaram a Hubei às 20:00h. Eles vieram da Comissão Nacional de Saúde, da Administração Nacional de Medicina Tradicional Chinesa, da Academia Chinesa de Ciências Médicas, do Exército de Libertação Popular, de 29 províncias e unidades administrativas.

Hospital Huoshenshan, completado em dez dias

O canteiro de obras do Hospital Huoshenshan, de 24 de janeiro a 2 de fevereiro / Foto Xiao Yijiu – Agência de Notícias Xinhua

Nesta manhã (2/02) o Hospital Huoshenshan foi concluído e entregue oficialmente à Força de Apoio Logístico Conjunto do Exército de Libertação Popular.

Visto por cima, o hospital tem a forma de uma espinha de peixe, com salas para a equipe médica no meio e enfermarias para pacientes de ambos os lados. O tronco é um longo corredor com escritórios para funcionários do hospital, conectando os nove ramos da ala.

Como um hospital especializado em doenças infecciosas, Huoshenshan possui um projeto estrutural bem-concebido e aplica medidas de quarentena estritas, desde as enfermarias até o sistema de coleta de esgoto, para garantir o controle epidêmico.

  • Áreas funcionais separadas. O hospital é dividido em áreas limpas, áreas semi-contaminadas e áreas contaminadas, e possui passagens separadas para a equipe médica e os pacientes, tendo em vista evitar infecção cruzada. As alas médicas e os alojamentos também são separados. Antes de entrar e sair das enfermarias, a equipe médica deve passar por procedimentos rigorosos de desinfecção, incluindo um chuveiro de ar, para proteger sua saúde ao máximo.
  • Isolamento total. As enfermarias estão um pé acima do nível do solo. Cada ala tem duas camas, um banheiro e uma janela de dupla face para passar medicamentos e alimentos. A maioria dos quartos do hospital é mantida sob pressão negativa, para impedir a transmissão do vírus pelo movimento do ar.
  • Desinfecção de alto padrão. O local do hospital é coberto com cinco hectares de membrana anti-infiltração para evitar a contaminação do solo e da água. O hospital está equipado com um sistema de drenagem de águas pluviais e um sistema de disposição de esgotos, usando cloro para desinfecção dupla para atender aos padrões de descarga de águas residuais. O ar de exaustão em todas as salas deve ser desinfetado, esterilizado e filtrado para atender aos padrões de emissão em grandes altitudes.

Como a construção foi concluída em apenas dez dias?

A duração de cada etapa do processo de construção, calculada por dias para projetos regulares, foi especificada em horas e minutos para Huoshenshan. A equipe de projeto, construção e supervisão trabalhou em conjunto no local para fazer os ajustes necessários em tempo hábil.

Trabalhadores e veículos cobriam o canteiro de obras, com as máquinas rugindo durante o dia e as luzes brilhando à noite. Durante o horário de pico, havia mais de 7 mil trabalhadores e oitocentas escavadeiras e tratores trabalhando simultaneamente. Assim que a cama de areia terminou, a membrana anti-infiltração foi colocada, seguida de estacas para os abrigos portáteis. “A construção de Huoshenshan foi uma batalha rápida, compactada no tempo e no espaço”, disse um representante dos construtores. “Fomos com força total para concluir o hospital.” O processo de construção foi como uma máquina gigante, alimentada por trabalhadores e equipamentos, com o objetivo de criar um refúgio na batalha contra o coronavírus.

Enquanto Huoshenshan estava sendo concluído, muitos de seus construtores iniciaram outra corrida contra o tempo no canteiro de obras do Hospital Leishenshan, uma segunda instalação especializada para pacientes com COVID-19 em Wuhan.

(traduzido da reportagem “Deus do fogo versus diabo da epidemia” pela Agência de Notícias Xinhua)

Yunnan, 3 de fevereiro de 2020

– O Comitê Permanente do Bureau Político realizou uma reunião para ouvir os relatórios do Grupo Central de Prevenção e Controle do COVID-19 e os departamentos relevantes e discutir outras medidas para o controle da epidemia. Na reunião, o presidente Xi Jinping disse: “O controle efetivo da epidemia protegerá a vida e a saúde das pessoas, a estabilidade social e econômica geral e os resultados da reforma e abertura. Todos os funcionários devem fortalecer a confiança e a solidariedade, tomar medidas sólidas e direcionadas, e fazer esforços concretos para conter a epidemia. É preciso correr contra o tempo e combater o vírus. A China deve vencer a batalha contra o COVID-19.”

– Hoje à noite, o Comando Wuhan de Prevenção e Controle do COVID-19 informou o plano de estabelecer três centros de tratamento temporário no Centro Internacional de Conferências e Exposições de Wuhan, no Ginásio de Hongshan e na “Sala de Estar de Wuhan”. Essas instalações admitirão pacientes com sintomas leves e fornecerão um total de 3,8 mil leitos.

(Continua)