Coronavírus: Imigrantes estão entre as principais vítimas nos EUA

Crise afeta de maneira mais severa os mais de 11 milhões de imigrantes ilegais, que têm menos acesso aos serviços de saúde

Os imigrantes nos Estados Unidos não estão apenas entre os mais golpeados pela pandemia do coronavírus e por suas consequências socioeconômicas – mas também estão na linha de frente nos serviços emergenciais para minimizar os efeitos do vírus sobre toda a população.

A crise da saúde pública está afetando de maneira mais severa os imigrantes, em especial os mais de 11 milhões ilegais, já que estes têm menos acesso aos serviços de saúde – seja pela falta de seguro, seja pelo temor do clima anti-imigração que impera em escala nacional durante o governo Donald Trump.

Segundo cifras iniciais da pandemia, são os mais pobres (latinos e negros) aqueles mais afetados no país. De fato, a área com a maior concentração de casos na cidade de Nova York é o distrito de Queen, onde vive uma massiva população de imigrantes. Segundo os dados oficiais, cerca de metade dos cidadãos infectados se concentra nesse distrito. 

Segundo o reverendo Juan Carlos Ruiz, veterano defensor dos interesses dos imigrantes em Nova York, como as pessoas estão morrendo em suas casas e não vão ao hospital, essas mortes não estão sendo computadas. Ele diz já ter tomado conhecimento de dezenas de casos semelhantes no Brooklyn e no Harlem, entre outras localidades com alta concentração de imigrantes.

Conforme seu relato ao jornal mexicano La Jornada, as pessoas estão desinformadas e confusas, com temor de morrer por não ter acesso a hospitais. De acordo com o reverendo, os imigrantes sem documentação acabam se tornando vítimas invisíveis. Ele diz ter contato com líderes de comunidades imigrantes em Chicago, Los Angeles e na Flórida. Em todas as regiões há relatos parecidos.

Exposição afeta imigrantes legais e ilegais

Os imigrantes, sobretudo os ilegais, são os mais afetados pelas consequências econômicas do isolamento. Em geral, a onda de desemprego que cresce nos Estados Unidos não os contabiliza.

Muitos (há cálculos que estimam cerca de 5 milhões de pessoas nessa situação) trabalham justamente nos setores mais impactados: serviços, construção, restaurantes e turismo. A maioria não conta com seguros de saúde, tampouco tem direito a benefícios sociais ou apoios econômicos aprovados pelo governo federal.

Também há muitos imigrantes entre trabalhadores que exercem funções de alto risco durante a pandemia, especialmente no setor de saúde. Estima-se que cerca de 5 milhões trabalham em hospitais, farmácias ou órgãos de assistência social. Cerca de 29% dos médicos que atuam no país são imigrantes, bem como 38% dos enfermeiros. Ainda mais alto é o percentual de faxineiros que atuam nesses locais, exercendo uma função primordial durante a crise.

Há também milhões trabalhadores que mantêm em funcionamento as cidades sob o período de quarentena, como os que realizam entregas em domicílio, caminhoneiros, motoristas de ônibus e funcionários responsáveis pela manutenção do transporte público do país. Segundo cálculo do Instituto de Políticas de Imigração (MPI, na sigla em inglês), haveria cerca de 12 milhões de imigrantes em atividade durante a pandemia, apesar da agressiva e permanente política do governo Trump contra essa parcela da população.

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