Bolsonaro paga auxílio a conta-gotas e prejudica quem mais precisa

Exigências criadas pelo governo são tantas, que só podem ser vistas como má vontade ou uma tentativa da equipe econômica em adiar ao máximo a liberação do dinheiro

A Caixa Econômica Federal divulgou novo calendário para o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600. Até o momento, após 15 dias de sua aprovação no Congresso Nacional, dos cerca de 54 milhões de pessoas que aguardam pelo benefício, apenas 2,5 milhões conseguiram receber.

Até segunda-feira, 13, apenas os que já eram inscritos no Cadastro Único que já tinham conta na Caixa e do Banco do Brasil e que não recebem Bolsa Família receberam o auxílio. Mas, mesmo entre os que se enquadram nessa categoria, muitos não conseguiram receber.

As exigências criadas pelo governo Jair Bolsonaro para que o dinheiro chegue às mãos dos milhões de necessitados, em uma hora tão crucial como essa, são tantas, que só podem ser vistas como má vontade ou uma tentativa da equipe econômica em adiar ao máximo a liberação do dinheiro. Não à toa, as enormes filas diante das agências da Caixa e da Receita Federal se espalham por todo o país, pondo milhões de cidadãos nas ruas, quando a recomendação das autoridades médicas diante do coronavírus é de que as pessoas fiquem em casa.

Das exigências mais contestadas por autoridades e especialistas da área está a obrigatoriedade do CPF regularizado. A exigência é ainda mais descabida, pois inclui também a apresentação do CPF de todos os filhos do cidadão que tem direito ao benefício.

A outra sabotagem para protelar ao máximo a entrega do dinheiro às famílias que já não têm o que comer em casa – muitas que não têm nem água encanada, e nem mesmo moram em lugares que possam ser chamados de casa –, além de uma grande quantidade de idosos, analfabetos e semianalfabetos, é de que toda essa burocracia, preenchimento de formulários, apresentação de documentos etc, etc, possa ser resolvida de maneira virtual, através da Internet, computadores e celulares.

Como afirma o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, em matéria do Brasil Atual: “O governo não concordava com essa proposta, que foi costurada pelos movimentos sociais e sindical. Agora, vai postergando o seu pagamento. Acredita que, quanto mais posterga, menos vai pagar lá na frente”.    

Enquanto isso, o governo distribui o benefício a conta-gotas, com previsão de atender 9,4 milhões de pessoas, em parcelas, até sexta-feira. Nesta terça-feira, 14, a previsão é que sejam atendidas 831.013 pessoas. Segundo o novo calendário, o depósito nesta terça se iniciou às 12 horas para trabalhadores informais que têm conta no Banco do Brasil.

Além desses, recebem as pessoas nascidas em janeiro que não estão inscritos no Cadastro Único (CadÚnico) e fizeram o cadastramento pelo site ou aplicativo do banco. Essas pessoas receberão pela poupança digital da Caixa (criada para o pagamento benefício) ou terão o dinheiro pago na sua conta de qualquer instituição indicada no cadastro. Entre elas, mães chefes de família que receberão o valor de R$ 1.200.

Aqueles que não têm conta em qualquer banco e terão a poupança digital criada só poderão sacar o dinheiro a partir do dia 27. Até lá, os valores só estarão disponíveis para transferências e para pagamento de boletos pelo aplicativo Caixa. O saque será escalonado de acordo com a data de nascimento.

Com informações do Hora do Povo

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