Exército levanta disponibilidade para sepultamentos em massa

Em regime de ‘urgência’, o Ministério da Defesa pede a prefeitos informações sobre “quantidade de cemitérios, disponibilidade de sepulturas e capacidade de sepultamentos diários em suas respectivas áreas de responsabilidade”.

Capa de jornal norte-americano traz foto impressionante da abertura de centenas de covas no cemitério da Vila Formosa, em São Paulo, para aguardar as vítimas do Covid-19.

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro aposta em romper com o isolamento social, empurrando a sociedade brasileira para o “matadouro”, o Ministério da Defesa de seu governo promove levantamento da capacidade de enterrar os mortos. Para especialistas brasileiros e de outros países, o isolamento social é a principal arma para evitar a quantidade de óbitos que se verifica na Europa e nos Estados Unidos.

Na quinta-feira, prefeitos do Rio Janeiro e Espírito Santo receberam documento oficial solicitando informações sobre a “quantidade de cemitérios, disponibilidade de sepulturas e capacidade de sepultamentos diários em suas respectivas áreas de responsabilidade”. As solicitações foram enviadas a diferentes postos de recrutamento e mobilização que estão sob ingerência da 1ª Região Militar do Comando Militar do Leste.

“Em atenção ao documento contido na referência, solicito aos senhores chefes dos postos de recrutamento e mobilização o apoio das juntas de serviço militar para que seja realizado um levantamento de dados estatísticos referentes à quantidade de cemitérios, disponibilidade de sepulturas e capacidade de sepultamentos diários em suas respectivas áreas de responsabilidade”, diz o documento, assinado pelo coronel Luiz Mauro Rodrigues Moura, chefe da sessão de serviços da 1ª Região Militar, que abrange os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.

Em resposta ao questionamento do jornal O Globo sobre o pedido de informações, o Comando Militar do Leste esclareceu que “planeja sua atuação com base no levantamento de cenários hipotéticos, visando mitigar os efeitos nocivos da pandemia junto à sociedade”. A nota tenta relativizar a preocupação, dizendo que “o documento em pauta tem como objetivo tão somente coletar dados para um dos cenários levantados”.

Em vídeo no Facebook, o prefeito de Três Rios (RJ), Josimar Salles (PDT) tornou público o documento e, diante da gravidade do pedido, reafirmou o compromisso de sua administração com o isolamento social. “Diante de um documento como este, vindo de uma instituição das mais respeitadas do Brasil, o Exército Brasileiro, pedindo informações sobre a nossa capacidade de sepultar pessoas, não posso, de forma alguma, afrouxar as nossas medidas”, disse o prefeito.

“Se o Exército está perguntando isso, é porque estão fazendo levantamento estatístico diante da possibilidade de um caos na saúde pública não apenas do Brasil, mas também do mundo”, concluiu o prefeito.

Fonte: PT.org.br

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