Há quatro anos, golpe contra a democracia, direitos e soberania

Capítulo mais vergonhoso e degradante da história da República, impeachment sem crime de responsabilidade da presidenta Dilma Rousseff foi aprovado na Câmara no dia 17 de abril de 2016

Dilma Rousseff - Foto Roberto Stuckert Filho

Com muita luta, à custa de sangue e o sacrifício de milhares de vidas, o povo brasileiro reergueu a democracia em 1985. Depois de 21 anos nas trevas da ditadura militar, o Brasil voltara, enfim, a experimentar a brisa fresca da liberdade.

A promulgação da Constituição de 1988 deu voz inédita ao povo, estabelecendo o direito à saúde e à educação universais. Essa voz ecoaria bem mais alto com a chegada do primeiro operário à Presidência da República, em 2003.

Combinados, os mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva e de sua sucessora, Dilma Rousseff, abriram caminho para 13 anos de uma revolução social sem precedentes na história.

Mas, ardilosa, a raposa do obscurantismo manteve-se à espreita. Há quatro anos, no dia 17 de abril, a democracia brasileira sofreu novo golpe fatal, com a aprovação, pela Câmara, de um impeachment sem crime de responsabilidade contra Dilma Rousseff.

A farsa do impeachment, o capítulo mais vergonhoso e degradante da trajetória republicana, foi baseado nas chamadas “pedaladas fiscais”. Acusada de praticar manobras contábeis, procedimento rotineiro nas administrações de vários presidentes que a precederam, Dilma foi julgada e afastada sem que pesasse sobre ela qualquer suspeita de enriquecimento ilícito ou de corrupção.

Hoje, a história segue confirmando a sua inocência, ao contrário de seus algozes na Câmara: à época do julgamento, 40 deputados dos que votaram pelo “sim” eram réus em ações penais no Supremo Tribunal Federal (STF), investigados por crimes como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e desvio de verba pública.

Uma ironia que não passou despercebida pela imprensa global. Conceituados jornais e publicações de todo o mundo estamparam em suas manchetes o golpe jurídico-midiático-parlamentar que resultou na morte da democracia brasileira.

Mais recentemente, o golpe brasileiro voltou a percorrer o planeta graças ao documentário “Democracia em Vertigem”, da cineasta Petra Costa. Exibido pelo canal Netflix, o filme recupera os principais fatos políticos do país a partir de 2013, traçando um paralelo com as manipulações de massa que levaram à queda de Dilma. O documentário, com depoimentos inéditos de Dilma e Lula, ganhou indicação ao Oscar deste ano.

Golpe de 2016

“Com a aprovação do meu afastamento definitivo, políticos que buscam desesperadamente escapar do braço da Justiça tomarão o poder unidos aos derrotados nas últimas quatro eleições”, advertiu Dilma, em discurso proferido após a aprovação definitiva do impeachment no Senado, no dia 31 de agosto.

“Não ascendem ao governo pelo voto direto, como eu e Lula fizemos em 2002, 2006, 2010 e 2014. Apropriam-se do poder por meio de um golpe de Estado”, ressaltou.

Dois dias antes, a ex-presidenta demonstrara a mesma bravura ao enfrentar os golpistas na tribuna do Senado, encarando olho no olho os traidores da democracia. Em sua fala histórica, Dilma revelou que o verniz republicano do julgamento escondia, em última instância, a velha luta de classes.

“O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos: os ganhos da população, das pessoas mais pobres e da classe média; a proteção às crianças; os jovens chegando às universidades e às escolas técnicas; a valorização do salário mínimo; os médicos atendendo a população; a realização do sonho da casa própria”.

E prosseguiu: “O que está em jogo é, também, a grande descoberta do Brasil, o pré-sal. O que está em jogo é a inserção soberana de nosso País no cenário internacional, pautada pela ética e pela busca de interesses comuns”.

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