Queda de Moro impulsiona debate sobre o impeachment de Bolsonaro

Para Flávio Dino, pronunciamento do ex-ministro deixa clara a “prova de crimes de responsabilidade contra a probidade na Administração, contra o livre exercício dos Poderes e contra direitos individuais”

Da esquerda à direita, os meios políticos repercutiram a demissão de Sergio Moro do Ministério da Justiça – e, em particular, as denúncias que o agora ex-ministro lançou contra o governo Jair Bolsonaro. “O depoimento de Moro sobre aparelhamento político da Polícia Federal como base para o ato de exoneração do delegado Valeixo constitui forte prova em um processo de impeachment. Moro está para Bolsonaro como o Fiat Elba esteve para Collor. A prova que faltava. Agora não falta mais”, resumiu o governador Flávio Dino (PCdoB-MA).

Segundo Dino, “do ponto de vista jurídico”, o pronunciamento do ex-ministro deixa clara a “prova de crimes de responsabilidade contra a probidade na Administração, contra o livre exercício dos Poderes e contra direitos individuais”. Tudo piora – diz o governador – pelo fato de a crise se acentuar em plena pandemia da Covid-19 no Brasil. “O que mais me deixa indignado nisso tudo: enquanto Bolsonaro cria mais uma confusão, paralisando o governo e as instituições, milhares de pessoas estão sofrendo e morrendo em razão do coronavírus”, afirmou Dino.

Governadores de direita aproveitaram para afagar Moro, ao mesmo tempo em que intensificavam o repúdio aos crimes de responsabilidade do governo Bolsonaro. João Doria (PSDB-SP) classificou a demissão do minsitro como “um golpe na Justiça, um golpe na liberdade e um golpe na democracia do Brasil”. Já Wilson Witzel (PSC-RJ) convidou Moro para secretário de Justiça do Rio de Janeiro: “Ficaria honrado com sua presença em meu governo porque aqui, vossa excelência, tem carta branca sempre”.

Candidato derrotado por Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais de 2018, o petista Fernando Haddad também chamou a atenção para os “vários crimes de responsabilidade descritos por Moro”. Na opinião de Haddad, “os ministros, especialmente os militares que ainda respeitam esse país, deveriam renunciar a seus cargos e forçar a renúncia. O impeachment é processo longo. A crise sanitária e econômica vai se agravar se nada for feito”.

Ciro Gomes (PDT-CE), outro presidenciável de 2018, afirmou que a divisão no governo pode beneficiar o Brasil. “Nesta confrontação chocante entre Moro e Bolsonaro, o País ganha muito com a briga em si. Só hoje já tivemos notícia de uma lista de artigos do código penal além de crime de responsabilidade: prevaricação, falsidade ideológica, tráfico de influência, obstrução da justiça, abuso de autoridade”, tuitou Ciro.

Na visão da senadora Simone Tebet (MDB-MS), devemos levar “a sério as muitas declarações bombásticas que (Moro) fez contra Bolsonaro. Afirmou, taxativamente, que o presidente queria intervir politicamente na PF, ter acesso indevido a inquéritos e produzir relatórios de inteligência, sabe-se lá contra quem”. Para a parlamentar, as denúncias, “se comprovadas, caracterizam crime de responsabilidade. O PR (presidente) deve uma explicação à Nação”.

O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da minoria da Câmara Federal, diz que Bolsonaro não tinha compromisso com o combate à corrupção. “Está claro: Bolsonaro demitiu o chefe da Polícia Federal para frear as investigações que avançam sobre seus filhos. Ele nunca quis acabar com a corrupção. Bolsonaro só trabalha em prol da família dele e da reeleição, criando crise atrás de crise. E o Brasil? Continua sem governo.”

Na mesma linha foi o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP): “Bolsonaro rasga a fantasia e abraça a criminalidade. A demissão de Sérgio Moro e do diretor da PF escancara o caminho para abafar os crimes de suas milícias e filhos”, afirmou. “Moro, ainda na qualidade de ministro, acaba de fazer uma delação que incrimina o presidente. Bolsonaro precisa ser investigado. Vou propor uma CPI!”, disse Orlando, enfatizando que “os crimes são muitos, comuns e de responsabilidade. Uma bomba!”.

A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) também defende o aprofundamento das investigações sobre as novas denúncias. “Como líder da bancada do PCdoB, estou encaminhando a convocação para Sérgio Moro comparecer na Câmara e esclarecer o conjunto de crimes que presenciou o Presidente Bolsonaro cometer. A coletiva de Moro é uma delação e enquadra Bolsonaro em vários crimes”, afirmou Perpétua.

O prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), se pronunciou em nome da Frente Nacional de Prefeitos, alertando “para a gravidade das declarações sobre as possíveis interferências políticas em investigações e inquéritos em andamento. Sobre isso, pedimos que sejam tomadas as devidas medidas de apuração e investigação. O país precisa saber do que se tratam essas denúncias”.

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Um comentario para "Queda de Moro impulsiona debate sobre o impeachment de Bolsonaro"

  1. Bolsonaro e Sérgio Morro, representa um divórcio letigioso entre dois golpistas que representa a mesma política discutindo quem ficará com o patrimônio que pensam ser a presidência da República,é o sujo falando do mal lavado.

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