Semana Vermelha: Bolsonaro cava o abismo com seus pés

Uma genial canção de Cartola, “O mundo é um moinho”, tem o verso exato que descreve a situação que o governo de extrema direita de Jair Bolsonaro viveu nesta semana: “Quando notares estás à beira do abismo / Abismo que cavaste com os teus pés”. São versos que, embora não políticos, cabem como uma luva para a situação em que Bolsonaro se encontra, em que, embora num crescente e visível isolamento, aumentou ainda mais sua solidão política e rompeu, publicamente e com vexame, com aquele que é uma espécie de seu coirmão na criação do cenário que permitiu o crescimento político da ultradireita no cenário brasileiro nos últimos anos, o agora ex-ministro Sérgio Moro. Bolsonaro aprofundou como nunca a crise política brasileira, demonstrando sua denunciada insensibilidade, falta de cuidado e espírito, como se diz, republicano, em plena crise do mortal coronavírus.
Crise de tal envergadura que coloca, nas mentes e nas bocas, a possibilidade de um julgamento por crime de responsabilidade que pode levar seu mandato a um fim antecipado. Aliás, num quadro em que, para muitos comentaristas, seu governo já acabou, embora ele continue no cargo.

Bolsonaro participa de ato contra a democracia e pelo golpe militar –Parlamentares condenam participação de Bolsonaro em ato pró-ditadura – No dia do Exército (19), Bolsonaro foi a ato contra Congresso, contra o STF e pró intervenção militar em frente ao Quartel General, em Brasília. Parlamentares, personalidades democráticas e mesmo militares, condenaram essa atitude do capitão-presidente.

General Santos Cruz diz que Exército não marcha com governo Bolsonaro – “Exército não é partidário, de governo. Ele presta todo respeito às autoridades, população, mas não tem essa caminhada junto. Isso não existe”, disse na quarta-feira (22) o general e ex-ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto Santos Cruz. E criticou a manifestação de domingo (19), contra o Congresso, o STF e pró AI-5.

A ruptura entre Moro e Bolsonaro -Em reação à troca no comando da PF, Sérgio Moro pede demissão, na quinta-feira (23). Bolsonaro tentou reverter a decisão, mas quer ter controle sobre a atuação da Polícia Federal. A queda de Moro pode indicar um racha na ultradireita. Na sexta-feira (24), Moro deixou cargo. A relação entre os dois representantes da ultradireita chega ao fim de forma turbulenta. O procurador-geral da República, Augusto Aras, decidiu na sexta-feira (24) pedir ao STF uma investigação após as graves denúncias feitas por Sergio Moro contra Jair Bolsonaro. Aras vê indícios de vários crimes nas declarações de Moro que, como Bolsonaro, também será investigado. Com saída de Moro, bolsa fecha, na sexta-feira (24), em queda de 5,45% e o dólar em alta,a 5,66 reais, tendo chegado, no dia, a máxima histórica de 5,74 reais.

PF chega ao clã Bolsonaro como os mentirosos das fake news – PF chega a Carlos Bolsonaro como articulador do esquema de fake news – Na PF não há dúvidas de que o capitão-presidente pressionou o ex-diretor-geral Maurício Valeixo porque sabia que a PF chegou a seu filho, Carlos Bolsonaro, identificado num inquérito sigiloso, para o STF, como um dos articuladores do esquema criminoso de fake news. A PF também investiga a participação no esquema de outro filho de Bolsonaro, Eduardo, deputado federal pelo PSL-SP.

O “toma lá dá cá” de Bolsonaro no Congresso – Bolsonaro barganha com cargos em troca de maioria no Congresso. Ele adota a política do “toma-lá-dá-cá” para atrair parlamentares do “Centrão” e tentar reforçar sua base parlamentar, oferecendo cargos no Banco do Nordeste e diretoria do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).

Investigação sobre ato golpista não inclui Bolsonaro – PGR pede ao STF que investigue atos golpistas, mas omite Bolsonaro – A PGR entrou,na segunda-feira (20), com pedido, no STF de investigação do ato fascista e pró ditadura do domingo (19), que teve a participação de Bolsonaro. O pedido fez referência a deputados federais que participaram dos eventos. O órgão cita violação à Lei de Segurança Nacional. O pedido foi acatado e a investigação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, que considerou “gravíssimo, pois atentatório ao Estado Democrático de Direito brasileiro e suas instituições republicanas” o fato narrado pela PGR.

Frente de Salvação Nacional contra mensageiro da morte – PCdoB defende frente de salvação nacional contra o mensageiro da morte – No sistema capitalista se destacam dois campos antagônicos; um defende a vida e outro, banqueiros e grandes monopólios não. O Comitê Central do PCdoB debateu o grave momento do mundo e do país, em reunião virtual na sexta-feira e sábado (17 e 18). A Resolução aprovada ressalta que o governo Bolsonaro torna o cenário da crise muito caótico, cuja conduta irresponsável cobra um duro preço em número de mortos. E aponta como caminho uma ampla frente de salvação nacional contra Bolsonaro, mensageiro da morte.

Nunca o preço do petróleo caiu tanto – Preço do petróleo em terreno negativo pela primeira vez na história – Pandemia de Covid-19 levou a queda no consumo e excesso de oferta. Enquanto Jair Bolsonaro prega reabertura de comércio para “recuperar” economia, cenário global mostra-se bem mais complicado. Na segunda-feira (20), pela primeira vez na história o preço do barril de petróleo, nos EUA operou em terreno negativo, sendo negociado a menos 20,31 dólares.

Não enrola e paga, Bolsonaro – Após enrolar a população com a promessa de antecipar o pagamento da segunda parcela do auxílio emergencial, o  governo Bolsonaro voltou atrás e, na quarta-feira (22), alegando uma suposta “falta de recursos”, anunciou ter desistido da medida – que garantiria 600 reais para pessoas necessitadas. Segundo a Caixa Econômica o pagamento só será liberado em maio – em outra evidência do descaso do governo Bolsonaro.

Bolsonaro cometeu crime de falsidade ideológica – Bolsonaro é denunciado ao STF por ações – Para o governador Flávio Dino (PCdoB-MA) o ato de exoneração na PF é prova contra Bolsonaro.O ex-ministro Sergio Moro negou que Maurício Valeixo tenha pedido demissão e diz que não assinou o documento de exoneração em conjunto com Bolsonaro – desmentindo o que disse o capitão-presidente.

Crise baqueia a Boeing, que pode desistir da Embraer – Boeing desiste de comprar Embraer – As crises econômica e sanitária levam a Boing desistir da compra da Embraer, para não pagar 4,2 bilhões de dólares enlvolvidos no negócio que envolvia a fusão entre as duas empresas, com 80% da nova companhia comandada pela Boeing. A empresa estadunidense estaria em estágio pré-falimentar devido à crise.