Bolsonaro diz que diplomatas venezuelanos serão expulsos até sábado

País diz que prazo para saída é ‘improrrogável’; ala militar contestou decisão do governo de retirar brasileiros de Caracas e de expulsar venezuelanos

Opositores brasileiros de Maduro invadem embaixada da Venezuela e enfrentam defensores do governo venezuelano.

País diz que prazo para saída é ‘improrrogável’; ala militar contestou decisão do governo de retirar brasileiros de Caracas e de expulsar venezuelanos

Quase dois meses depois de ter dado 60 dias a todos os funcionários da embaixada e dos consulados da Venezuela no Brasil para saírem do país, o governo do presidente Jair Bolsonaro recordou sua decisão em notificação oficial enviada aos representantes do governo de Nicolás Maduro, na qual determina que todos têm até o próximo dia 2 de maio para deixar o território nacional, em caráter definitivo.

A lista inclui os diplomatas e funcionários da embaixada em Brasília e dos consulados venezuelanos em Rio, São Paulo, Boa Vista, Belém, Recife e Manaus.

Depois de ter retirado todos os diplomatas brasileiros de Caracas, recentemente, o governo brasileiro exige, agora, que seja cumprida sua determinação de expulsar do país os venezuelanos, com um prazo improrrogável.

Após determinar o retorno de todos os funcionários que trabalham na embaixada e nos consulados do Brasil na Venezuela, o governo estuda alternativas para atender aos cerca de 15 mil brasileiros que residem naquele país. Uma das possibilidades em estudo seria pedir para outra nação representar os interesses brasileiros em Caracas. Assim, os serviços seriam prestados em uma determinada missão diplomática estrangeira até que os postos sejam reabertos em um futuro ainda incerto.

Esse é o caso, por exemplo de americanos no Irã. Como os Estados Unidos não têm relações com o país persa, seus interesses em Teerã são representados pela Suíça desde 1980.

Brasil e Venezuela, no entanto, não romperam relações. Mas na última quinta-feira, duas portarias foram publicadas no Diário Oficial da União determinando o regresso dos funcionários brasileiros, o que deve acontecer dentro de 60 dias. O prazo é o mesmo para que venezuelanos ligados ao presidente Nicolás Maduro que trabalham na embaixada em Brasília deixem o país. Quem permanecer será considerado persona non grata e expulso.

Esse movimento sincronizado de brasileiros voltando para o Brasil e venezuelanos retornando à Venezuela foi decidido dias atrás e reforça a posição brasileira de não reconhecimento do chavista Maduro como presidente daquele país. O governo de Jair Bolsonaro reconhece o líder opositor Juan Guaidó como presidente interino.

Desde que o governo Bolsonaro reconheceu a “Presidência encarregada” de Juan Guaidó, à frente da Assembleia Nacional (AN) controlada pela oposição e considerada ilegítima pelo Palácio de Miraflores, em janeiro de 2019, as relações como governo Maduro se limitaram a um canal de comunicação entre militares dos dois países. De fato, a ala militar do governo Bolsonaro se opôs, segundo fontes, à retirada dos diplomatas de Caracas e, também, à expulsão dos venezuelanos de Brasília.

Uma das incógnitas que se instala a partir de agora é saber se a embaixada e todos os consulados serão entregues aos representantes de Guaidó no Brasil. A embaixadora Maria Teresa Belandria foi reconhecida pelo governo Bolsonaro, é convidada para eventos e reuniões com autoridades do governo e circula há mais de um ano no meio diplomático de Brasília.

Com informações de O Globo.

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