“Não é isolamento que afeta economia, é a pandemia”, afirma Meirelles

Ex-ministro da Fazenda de Temer citou setor de serviços domésticos, que, mesmo sem sofrer restrições, é um dos mais afetados.

O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles

Ex-ministro da Fazenda do governo Michel Temer e atual secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo, Henrique Meirelles, disse nesta sexta-feira (8) que a pandemia de coronavírus, e não as medidas de isolamento contra o contágio, é a verdadeira responsável pela crise econômica que atinge o estado e o Brasil. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou hoje que estendeu a quarentena no estado até pelo menos 31 de maio.

Durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, Meirelles afirmou que é um equívoco dizer que a quarentena causa problemas para a economia. Ele citou o exemplo do setor de serviços domésticos, que foi atingido mesmo sem ter qualquer restrição imposta.

“Existe um equívoco de que o isolamento social, a quarentena, está causando a crise econômica. É ao contrário. A crise é causada pela pandemia. Parece óbvio, mas no discurso de muitos, inclusive em esferas de poder, estão agindo em direção contrária. O setor mais afetado pela crise foi serviços domésticos, que não foi objeto de nenhuma restrição. No entanto, foi o mais afetado pela preocupação das pessoas. O que afeta a economia é a pandemia, não as medidas para combater”, ressaltou.

Meirelles não citou nomes, mas Jair Bolsonaro (sem partido) é um dos principais críticos às medidas de isolamento social e as associa com frequência à crise na economia e ao desemprego.

Ontem, acompanhado do ministro da Economia, Paulo Guedes, ele foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) para uma reunião de emergência com empresários e o presidente da corte, Dias Toffoli, em que voltou a defender a retomada do comércio e das atividades econômicas. No encontro, Guedes disse que “a economia está começando a colapsar”.

Na coletiva desta sexta, Meirelles destacou que a retomada econômica está diretamente ligada ao controle da pandemia da Covid-19. “O resultado para as experiências que aconteceram em outros países que passaram pelo pico, a atividade econômica começa a retornar após a pandemia estar controlada. A quarentena tem por finalidade combater de forma eficaz a contaminação”, comentou.

As regras para retomada do comércio estão no Plano São Paulo e estão condicionadas a três fatores: redução sustentada de casos de Covid-19 durante duas semanas, isolamento social acima de 55% e taxa de ocupação de UTIs em no máximo 60%.

Até o momento, a situação é oposta em São Paulo. A adesão ao distanciamento social fechou em 47% nos últimos três dias. A curva de contágio está em ascensão e as UTIs na Região Metropolitana da capital estão com 89% de ocupação.

Fonte: UOL