Europa já cogita segunda onda de coronavírus

Preocupação acompanha um movimento de retomada das atividades na maioria dos países que adotaram quarentenas

People wear protective face masks as they walk in St. Mark's Square after the last days of Venice Carnival were cancelled due to coronavirus, in Venice, Italy February 24, 2020. REUTERS/Manuel Silvestri

Os países europeus devem reforçar seus sistemas de alerta para reagir rapidamente a uma segunda onda de coronavírus, alertou a agência europeia de controle de doenças (ECDC, na sigla em inglês). “Em suas avaliações de risco, a agência afirmou que os governos devem informar claramente à população que a possibilidade de uma segunda onda existe, mesmo que a pandemia tenha sido vencida agora”, disse nesta segunda (11) Stefan de Keersmaecker, porta-voz da Comissão Europeia para saúde pública.

A preocupação acompanha um movimento de retomada das atividades na maioria dos países que adotaram quarentenas. Em alguns deles, como Dinamarca e Alemanha, o aumento dos encontros entre pessoas provocou um crescimento na taxa de contágio, levando os institutos a intensificar o monitoramento dos casos.

Preparativos para uma segunda onda também estão na pauta da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), órgão de defesa que reúne países europeus e os EUA, disse à Folha um oficial da aliança militar – por orientação da Otan, ele não se identifica. Segundo ele, ministros da Defesa dos membros da Otan consideraram que é preciso planejar melhor as respostas a pandemias, melhorar o planejamento de continuidade dos negócios e proteger setores críticos.

Na reação à primeira onda de coronavírus, houve preocupação com o bloqueio do tráfego aéreo e a ruptura no fornecimento de matérias-primas e componentes para a indústria. A Otan foi acionada para manter o transporte aéreo de equipamentos médicos a longas distâncias e para a implantação de hospitais de campanha em regime de emergência.

Embora os cientistas ainda não tenham todas as respostas sobre o novo coronavírus, segundas ondas de infecções são comuns em doenças infecciosas, como a de influenza de 1918, conhecida como Gripe Espanhola, e a de H1N1, em 2009. Casos como o de Singapura, por exemplo, em que um novo surto de Covid-19 apareceu em um dormitório de migrantes apesar da política intensiva de rastreamento de contatos, indicam que também no caso do coronavírus há risco de ressurgência.

Os segundos picos podem ser evitados ou amenizados por vacinas, ainda inexistentes para o novo coronavírus, ou medidas de distanciamento e higiene e de rastreamento e isolamento de novos casos. A chamada imunidade de rebanho – quando ao menos 60% da população já desenvolveu defesas contra um patógeno – também evita segundas ondas. Mas estudos feitos até agora mostram que a porcentagem de infectados em diferentes países ainda não chega a 20%.

Com informações da Folha de S.Paulo