29 autores da Globo assinam nota de repúdio a Regina Duarte

Classe artística protestou contra as declarações da atriz à CNN

A desastrosa atuação de Regina Duarte como secretária especial de Cultura do governo Jair Bolsonaro pode complicar até mesmo um eventual retorno da atriz às novelas da TV Globo. Ao todo, 29 autores titulares da emissora assinaram nota de repúdio, ao lado de mais de 500 artistas, contra as declarações que ela deu em entrevista à CNN na última quinta (7).

A carta divulgada, no sábado (9), reuniu atores, cantores, intelectuais, produtores, diretores e também uma série de roteiristas. “Como artistas, formamos a maioria que repudia as palavras e as atitudes de Regina Duarte como Secretária de Cultura. Ela não nos representa”, diz trecho do texto assinado por alguns nomes importantes da Globo, como Alcides Nogueira.

Nos últimos anos, o veterano se converteu em um dos parceiros mais habituais da mãe de Gabriela Duarte na rede carioca. De suas últimas cinco novelas, a atriz foi escalada para O Astro (2011) e Tempo de Amar (2017), em que ele dividiu os roteiros com Geraldo Carneiro e Bia Corrêa Lago, respectivamente – ambos também são signatários da missiva.

Dos três trabalhos restantes de Regina, dois também são de autoria de escritores que rechaçam a sua atividade política: Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, de A Lei do Amor (2016), além de Lícia Manzo, de Sete Vidas (2015). O folhetim das seis, aliás, lhe deu um de seus últimos papéis de destaque, a bissexual Esther – uma personagem que também não concordaria com os seus atuais posicionamentos.

Apesar de seu trabalho como intérprete não ser mérito da manifestação, a atriz pode perder papéis justamente por se associar a uma gestão fortemente questionada pela classe artística. O clima nos bastidores também pode não ser dos melhores, já que ela também é veemente criticada por nomes fortes da dramaturgia como Fabio Assunção, que já a chamou de “fantoche”. Walcyr Carrasco e Maria Helena Nascimento, que têm sinopse aprovada para na faixa das 21 horas, também questionaram as declarações da secretária.

Depois de anunciar a sua demissão em pleno Jornal Nacional, a Globo não tem dado sinais de que pretende retomar o vínculo com Regina. No mesmo telejornal, a repórter Delis Ortiz chegou a se referir à “namoradinha do Brasil”, alcunha que a artista ganhou com suas protagonistas água com açúcar, como uma ex-atriz.

A intérprete já disse à CNN Brasil que pretende continuar no cargo, mas os bastidores políticos não são os mais favoráveis à sua permanência. Em um áudio divulgado pela imprensa, ela já admitiu que as ações de Bolsonaro indicam que o presidente a quer fora do governo.

Na entrevista, Regina chocou o público ao cantar uma música tema da ditadura militar (1964-1985) e minimizar as torturas e execuções do Estado no período. Em suas próprias palavras, ela “deu um chilique” ao ser questionada em vídeo por Maitê Proença. A atriz também levou um puxão de orelha pela falta de sensibilidade em usar a metáfora “cemitério nas costas” diante das milhares de mortes causadas pela pandemia de coronavírus.

Da Redação, com informações do UOL

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