Depois da derrota histórica no Senado, governo recua sobre manter Enem

Rodrigo Maia só aguarda um comunicado oficial de Bolsonaro ou vai votar nesta quarta-feira (20) o projeto da deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) pelo adiamento das provas

(Foto: Reprodução)

Numa votação considerada histórica, o Senado assegurou nesta terça-feira (19) uma derrota acachapante ao governo Bolsonaro e ao seu ministro da Educação, Abraham Weintraub, que mantinha uma posição inflexível com relação ao não adiamento das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Por 75 votos favoráveis e apenas um contra, do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente, os senadores suspenderam a realização das provas do Enem para depois da pandemia.

Na Câmara dos Deputados, onde o clima é o mesmo, o presidente daquela Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), só aguarda um comunicado oficial de Bolsonaro ou vai votar nesta quarta-feira (20) o projeto da deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) pelo adiamento do Enem.

Alice Portugal diz que não se pode marcar uma data de adiamento, sem a superação dos efeitos da pandemia.

“O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) anunciou o adiamento do Enem, mas continuaremos na luta pela aprovação do meu projeto. Não podemos prever uma data de adiamento sem a superação total dos efeitos da pandemia. 30 ou 60 dias não são suficientes. A rede escolar está parada desde março”, justificou a deputada Alice.

Para ela, adiar o Enem é uma questão de justiça social. “A aprovação do projeto no Senado na noite de ontem é uma vitória para os estudantes brasileiros. Vamos somar forças para garantir que nenhum estudante brasileiro seja prejudicado. É o Senado e a Câmara juntos pelo #AdiaENEM”, escreveu no Twitter.

Na avaliação da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) a aprovação no Senado do texto que pede o adiamento do Enem é mais um passo na defesa de uma justa seleção a todos os estudantes brasileiros durante a pandemia.

“Tem também o PL de @Alice_Portugal na Câmara. Vamos em frente, com ou sem voto de Flávio Bolsonaro contra. ADIA ENEM!”, postou no Twitter.

O deputado Orlando Silva mandou um recado para o ministro Weintraub: “É um homúnculo mesmo. Como humano, consegue ser mais rasteiro que como ministro. Após ser DERROTADO DE FORMA HUMILHANTE, só com o voto do Flávio Rachadinha, você é obrigado a aceitar o clamor de milhões de estudantes. #AdiaEnem Valeu a luta”, comemorou no Twitter.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que, após a vitória dos estudantes no Senado, Bolsonaro teve que ceder. “Mas não vamos parar. Queremos a aprovação do projeto que adia o Enem até o final da calamidade e que seja automático em outras situações similares! #AdiaEnem”, postou.

O senador Humberto Costa (PT-PE) diz que o adiamento do Enem foi uma “dura resposta à insensibilidade e ao descaso do governo com os mais pobres”.

O senador Weverton Rocha (PDT-MA) diz que o Senado fez Justiça com os jovens que sonham com o ensino superior. “Batalhamos e conseguimos o adiamento do #Enem2020. Nossa luta é para que todos tenham oportunidade! Essa vitória é de cada estudante brasileiro”, disse.

Vitória simbólica e representativa

O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, classificou a vitória no Senado como simbólica e representativa.

“Não só do ponto de vista do adiamento do Enem em si, mas foi uma derrota política do governo”, afirmou o presidente da UNE.

Ele disse também que a votação demonstrou que se tratava de uma questão sensível para a sociedade e, ao mesmo tempo, revelou um despreparo e desarticulação do ministro da Educação.

Iago ainda criticou a proposta do adiamento por 30 ou 60 dias. “Na verdade, é uma tentativa deles de não saírem tão derrotados assim. Estão tentando criar um mecanismo para reduzir danos”, disse.

O líder estudantil defendeu a realização dos exames logo após o encerramento do ano letivo. “Aí um grupo de professores, secretários (de educação), estudantes e reitores decidem para quando vai”, finalizou.

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