Semana Vermelha: Não há abismo em que o Brasil não caiba

Veja o que foi notícia no Vermelho de 17 a 23 de maio.

O mais novo disco de Jorge Mautner tem como título a frase esclarecedora do pensador português Agostinho da Silva: “Não há abismo em que o Brasil não caiba”. Descreve à perfeição a situação política atual do País, como se pode ver na semana encerrada no sábado (24). O tamanho do aterrador abismo ficou ainda maior com a exibição do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril – se merecesse este nome, reunião, o juntamento de ignorância, arrogância e prepotência pró-fascista que ocupa a direção do Brasil.

Um juntamento que cavou o abismo ainda mais ao exibir, para vergonha e vexame nacionais, a sem-cerimônia dos palavrões, como se fosse uma conversa de bar de quinta categoria; a indigência de ideias; a falta de um plano sério para o Brasil enfrentar a pandemia (que mal frequentou o falatório mostrado no vídeo); dogmas e preconceitos mais vulgares e grosseiros; o uso em vão dos nomes da Pátria, família e de Deus – em  claro desrespeito ao 2º mandamento, que manda não tomar em vão o nome do Senhor.

O pretexto da reunião, se diz, era o Plano Pró-Brasil, mas o que se viu no vídeo foi o falatório desordenado de gente despreparada, oportunista e radical antipovo e antidemocracia, a manifestação de preconceitos ideológicos, a improvisação geral daqueles que falam sem estudar qualquer tema, o amadorismo desagregador e destrutivo. O vexame e a vergonha nacionais são tão grandes – ou maiores – do que o abismo em que o país está posto.

Mas o Brasil – e o povo brasileiro – é maior do que os abismos da extrema-direita colonizada e anti-Pátria. É maior que ameaças como as brandidas pelo general Heleno. Este Brasil que não aceita tamanho descaso do governo federal e seu titular, o capitão-presidente, rejeita o ultraliberalismo que, mais do que o coronavirus, afunda o Brasil na desagregação econômica. País e povo cujas forças democráticas e avançadas se manifestam no maior pedido de impeachment de Bolsonaro apresentado à Câmara dos Deputados. Que declara, pela voz de seus governadores, serem “inaceitáveis” as ameaças contra o Estado Democrático de Direito. Vozes que, de todos os cantos do país, se levantam pela democracia e contra a ameaça fascista.

STF libera divulgação de vídeo da vexaminosa reunião ministerial –  O ministro Celso de Mello, do STF, retirou o sigilo do vídeo de reunião ministerial de 22 de abril.

O maior pedido de impeachment de Bolsonaro Primeiro pedido coletivo de impeachment do presidente é protocolado na Câmara. Além dos crimes de responsabilidade, aponta atentado à saúde pública durante crise do coronavírus. É assinado por mais de 400 entidades sociais, juristas e personalidades públicas, e partidos como o PCdoB, PT, PSOL, PSTU, PCB, PCO e UP.

Uma CPI fundamental contra Bolsonaro Deputados do PCdoB pedem para investigar as denúncias feitas por Sergio Moro contra o presidente. Para os deputados do PCdoB, a CPI é essencial para a formação da maioria política na Câmara para aprovação do processo de impeachment de Bolsonaro.

Nova pesquisa mostra forte derretimento de Bolsonaro Pesquisa recente mostra, entre outras coisas, que cresce a reprovação ao governo: 50% o avaliam como ruim/péssimo; 48% pensam que o Brasil vai piorar; 58% rejeitam a ação de Bolsonaro na pandemia; 57% não aceitam a política ultra-liberal; 54% temem perder o emprego; 76% apoiam o isolamento social.

Bolsonaro, o maior responsável pelas mortes na pandemia – Pesquisa concluída na semana quando o País superou o número de mais de mil mortes diárias por Covid-19 mostrou que Bolsonaro é identificado pelos brasileiros como o grande responsável pelas mortes dos brasileiros. Entre 15 e 19 de maio, o Instituto Paraná Pesquisas mostrou que Bolsonaro é apontado como o grande responsável por 35,1% das pessoas.

Uma derrota de Bolsonaro STF limita medida de Bolsonaro que tentava blindar agentes públicos – Por nove votos a um, o STF restringiu o alcance da MP 966, que livra agentes públicos de punição por erros ou omissões no combate ao coronavírus. As ações contra a MP argumentam que viola a Constituição ao contrariar a previsão de responsabilidade civil objetiva do Estado.

Enem, outra derrota do governo – Bolsonaro e Weintraub foram derrotados pelo Senado na terça-feira (19): por 75 votos a um, foi adiada a realização do Enem para depois da pandemia.

Vazamento da PF favoreceu Bolsonaro – A investigação apura o vazamento, pela Polícia Federal, da Operação Furna da Onça, de 2018, sobre a participação de Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz, como Paulo Marinho denunciou.

Pedida apreensão do celular de Bolsonaro O ministro do STF ressaltou o dever jurídico da apuração de denúncias que chegam ao Tribunal, “ainda que se trate de alguém investido de autoridade na hierarquia da República”. O pedido foi feito por partidos e parlamentares, e envolve o depoimento do presidente e a apreensão do celular dele e de seu filho, Carlos Bolsonaro, para perícia.

General Heleno faz ameaças O general Augusto Heleno divulgou nota ameaçadora após o ministro Celso de Mello, encaminhar à Procuradoria-Geral da República pedidos para tomada de depoimento de Bolsonaro e apreensão de seu celular e de seu filho Carlos Bolsonaro. A nota do general alerta essa decisão seria “uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes”, com “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”.

General Heleno pode ser convocado para esclarecer declaração agressiva Deputados do PCdoB criticaram duramente o teor da nota divulgada pelo general Augusto, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). A divulgação da nota gerou imediata reação no Parlamento. Deputados da esquerda, do centro e até mesmo da direita estão se mobilizando para convocar o ministro de Bolsonaro a dar explicações no Parlamento. Segundo a líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC), “o país precisa de tranquilidade para enfrentar esse momento de crise, mas ninguém consegue ter tranquilidade quando um ministro da República ameaça os demais poderes. Por isso vamos convocar Augusto Heleno para explicar o que quis dizer com ‘consequências imprevisíveis’”.

Ameaça inaceitável “A nota do general Heleno constitui inaceitável ameaça ao Supremo Tribunal Federal”, diz o governador Flávio Dino (PCdoB-MA). E completa: ninguém “está imune a investigações ou acima da Lei. E na democracia não existe tutela militar sobre os Poderes constitucionais”. Foi o tom do repúdio de deputados, ministros do STF e outras personalidades às ameaças do General Heleno.

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