Jornal francês ironiza presença Bolsonaro em ato de domingo: ‘show’

Le Parisien lembrou que no centro de uma investigação explosiva, o presidente brasileiro recebeu – “de muito perto” – o apoio de seus correligionários

Com o título “Coronavirus: au Brésil, Bolsonaro fait son show et enlève son masque pour un bain de foule” (“Coronavírus: no Brasil, Bolsonaro faz seu show e tira sua máscara para um mar de gente”), o diário francês Le Parisien ironizou o fato de, no centro de uma investigação explosiva sobre sua interferência na Polícia Federal, sendo criticado por sua gestão na saúde, o presidente brasileiro ter recebido – “de muito perto” – o apoio de seus correligionários.

Em matéria publicada na edição desta segunda-feira (25), um dos mais importantes jornais da França afirmou que Jair Bolsonaro voltou a desafiar as recomendações de saúde e as regras do distanciamento social para participar de uma manifestação neste último domingo. O Brasil se tornou o segundo país mais afetado no mundo pelo novo coronavírus, com quase 363.211 casos confirmados e 22.666 mortes.

“Vídeo embaraçoso”

Citando o vídeo veiculado na conta do Facebook do mandatário com a descrição “Presidente Bolsonaro multiplica os erros em um vídeo embaraçoso”, o Parisien diz que, em uma demonstração de apoio ao mandatário, dezenas de apoiadores foram ao Planalto, o palácio presidencial.

“Chegando de carro, o chefe de Estado se apresentou aos manifestantes, os braços estendidos, com uma máscara branca no rosto”, o jornal relata que Bolsonaro se aproximou das barreiras que o isolavam da multidão, agitando bandeiras do país. “Mito! Ou “A gente apoia você”. “Ele carregava uma criança nos ombros”.

‘Gripezinha’

Relembrando o episódio que o presidente compara a covid-19 a uma “gripezinha”, o jornal narra, ainda, que Bolsonaro tirou a máscara para apertar as mãos dos presentes . Em seguida, seus seguranças, com máscara, deixam apoiadores passarem para tirar fotos com o presidente. “O presidente até carregava uma criança nos ombros”.

Proibição de Trump

Ao mesmo tempo, o jornal recordou que, enquanto isso, repercutia a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump de proibir a entrada de viajantes do Brasil nos Estados Unidos. “Bolsonaro, apoiado por um terço dos eleitores, de acordo com as pesquisas, tem sido amplamente criticado em seu país por sua gestão da crise da saúde”.

Investigações

O diário recorda que Bolsonaro também está no centro de uma investigação explosiva sobre uma tentativa de obstrução para proteger sua família.

“Parte dos parlamentares e partidos da oposição exigiram, na sexta-feira, que o telefone do presidente e de seu filho mais novo, Carlos, sejam apreendidos pela justiça. Eles poderiam conter evidências de tentativas de interferir nas investigações policiais sobre os parentes do presidente de extrema direita”, diz adiante.

Aras

“As acusações foram feitas pelo ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, um ex-juiz anticorrupção muito popular que renunciou, acuado, há um mês. O juiz da Suprema Corte, Celso de Mello, responsável pelo processo, submeteu o pedido dos parlamentares ao procurador-geral Augusto Aras, que agora tem que decidir se acata ou não a decisão”, conclui.

Colaborou Ivan Chicoski*, graduado em Filosofia pela Universidade de Paris-Sorbonne IV.

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