EUA – a polícia assassina mais um negro

Em uma ação policial trivial, um brutamontes se ajoelha sobre o pescoço de um cidadão negro e o sufoca até a morte.

Campanha pede Justiça pelo assassinato de George Floyd - Ilustração: Andres Guzman

É terrível, mas a história se repete, com uma frequência mortal – a polícia mata mais um negro nos EUA. Na segunda-feira (25) policiais abordaram um cidadão negro e o assassinaram em Minneapolis, no estado de Minnesota.

O cidadão era George Floyd, um homem de 46 anos, pai de uma menina de 6, que trabalhava como segurança num restaurante local. O motivo pode ser considerado fútil: ele foi acusado, sem provas, de tentar pagar uma conta na loja de conveniência de um posto de gasolina com uma nota falsa de US$ 20. A polícia foi chamada, o deteve, algemou e colocou deitado de bruços no chão. Em seguida, o policial Derek Chauvin se ajoelhou sobre seu pescoço por tempo suficiente para sufocá-lo. Floyd gemia: “Por favor, não consigo respirar” e “Não me mate”.

O policial estava com outros três brutamontes uniformizados, que assistiram à violência policial sem tomar nenhuma providência. Este é mais um comportamento bárbaro, racista, da polícia nos EUA, que é particularmente severa e violenta contra os negros.

Algumas pessoas que assistiam à violência alertaram o policial, pedindo-lhe que tirasse o joelho e colocasse o suspeito na viatura, mas não foram ouvidos. O policial pressionou o pescoço de Floyd durante pelo menos sete minutos, até que parasse de respirar.

Darnella Frazier, que assistia à barbárie policial, pegou seu celular e gravou um vídeo, que viralizou na internet, com mais de um milhão de visitas, dando som e imagem à denúncia da ação violenta e criminosa do policial. Foi o estopim para os protestos que, começando em Minneapolis, se espalharam pelas cidades nos EUA.

As manifestações começaram de forma pacífica, mas logo, enfrentando a repressão, os confrontos com a polícia se generalizaram, alcançando Washington, Chicago, Baltimore, Los Angeles, Memphis, Atlanta, Nova York, San Jose, e Portland, além de Minneapolis e outras cidades.

Houve saques, quebra-quebra, incêndios de lojas, empresas e viaturas policiais. Os manifestantes repetiam, eas palavras clamadas por Floyd: “Não consigo respirar”. Também gritavam:”Poderia ter sido eu”. A 3ª Delegacia de Polícia de Minneapolis foi depredada pela multidão enfurecida. Uma jornalista da CNN ouviu de uma manifestante: “É triste. Mas só assim eles vão ouvir”.

Nos EUA, em 2019, houve 1014 assassínios cometidos por policiais e as principais vítimas foram negros. A ONG Mapping Police Violence (Mapeando a Violência Policial) mostra também que, nos EUA, os negros têm quase três vezes mais chances do que os brancos de serem mortos pela polícia.

A violência contra os negros parece entranhada nos EUA. Até meados do século 20 era comum ocorrer o linchamento de negros, por motivos fúteis. Multidões se reuniam para assistir ao enforcamento de um negro em alguma árvore.

O racismo e o supremacismo branco, de caráter fascista, que nasceram nos tempos da escravidão, permanecem vivos no início do século 21, sendo funcionais para o capitalismo na nação mais rica do mundo. O próprio prefeito de Minneapolis, Jacob Frey, perplexo ante a ação assassina da polícia, disse: “Acredito no que vi e o que vi está errado em todos os níveis”. E acrescentou: “Ser negro nos EUA não deveria ser uma sentença de morte.”

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