Mercado financeiro prevê queda de 6,25% no PIB

Além da pandemia do novo coronavírus, o cenário de instabilidade política, com um governo que é uma fábrica de crises institucionais, e a falta de um plano de ação para a retomada econômica, torna difícil saber como e quando haverá recuperação.

O mercado financeiro prevê queda de 6,25% da economia brasileira este ano. A estimativa está no boletim Focus, pesquisa junto a instituições financeiras, divulgada semanalmente pelo Banco Central. A projeção desta segunda-feira (1°) foi a 16ª revisão para baixo na projeção de queda do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e riquezas produzidos em um país).

Além da pandemia do novo coronavírus, o cenário de instabilidade política, com um governo que é uma fábrica de crises institucionais, e a falta de um plano de ação para a retomada econômica, torna difícil saber como e quando haverá recuperação. A realidade mostra que o tombo do PIB pode ser muito maior do que o projeto pelos agentes econômicos consultados pelo BC.

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que, apenas no primeiro trimestre, houve queda de 1,5% do PIB. Junto com a informação, veio um questionamento: foi só a pandemia que influenciou a atividade econômica no período? Afinal, em janeiro, fevereiro e nos primeiros dias de março, ainda não havia isolamento social.

O próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, que antes declarou que o Brasil estava “começando a decolar” quando veio a pandemia, admitiu estar em dúvida. Ele afirmou que vai pedir a desagregação do dado mês a mês para entender o quanto da queda veio da emergência sanitária. “Saiu agora o PIB mostrando recuo. Eu vou até pedir para desagregarmos, para vermos se realmente nos primeiros meses nós já estávamos decolando e se no terceiro mês a crise pegou e nos derrubou. Ou se já estávamos em um estado meio anêmico”, afirmou.

Consultado pelo Vermelho, o economista Marco Rocha, da Unicamp, disse que de fato é preciso analisar o resultado mês a mês para avaliar o impacto da pandemia. No entanto, acredita que já havia uma desaceleração em curso antes do choque do coronavírus. “No final do ano de 2019, você já tinha tido desaceleração forte na produção de bens de capital e alguns insumos industriais. Isso é lido como um indicativo de que já tem um processo de desaceleração”, afirmou.

Inflação

As instituições financeiras também continuam a reduzir a previsão de inflação de 2020. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu pela 12ª vez seguida, ao passar de 1,57% para 1,55%. A queda também tem relação com a pandemia, que deprimiu o consumo das famílias.

A projeção para 2020 está abaixo da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 4% em 2020, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,5% e o superior, 5,5%.

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