Movimento pede boicote a Facebook por proliferação de discurso de ódio

Grupos de direitos civis dos EUA pediram a anunciantes para boicotar o Facebook em julho, dizendo que os discursos de ódio e a incitação à violência não estão sendo moderados na plataforma.

A campanha acontece quando o gigante da mídia social enfrenta uma pressão crescente sobre sua abordagem displicente à publicações com informações falsas e mensagens que incitam à violência, como as do presidente dos EUA, Donald Trump.

O apelo #StopHateForProfit [Pare de permitir o ódio para obter lucros] – também compartilhado em um anúncio de página inteira divulgado no jornal Los Angeles Times na quarta-feira – foi apoiado pelos movimentos Anti-Defamation League (ADL), National Association for the Advancement of Colored PeopleColorOfChangeFreePress e Sleeping Giants.

“Hoje, pedimos a todas as empresas, em solidariedade com os valores norte-americanos de liberdade, igualdade e justiça, que não anunciem nos serviços do Facebook em julho”, afirmou um comunicado divulgado no site da ADL.

O grupo afirmou que a empresa de mídia social fatura cerca de US$ 70 bilhões anualmente com anúncios.

A campanha é uma reação à “longa história do Facebook de permitir que conteúdo racista, violento e comprovadamente falso seja exibido de forma desenfreada em sua plataforma”.

“Vamos enviar uma mensagem poderosa para o Facebook: seus lucros não valem a promoção de ódio, intolerância, racismo, antissemitismo e violência”.

O grupo criticou a decisão de Mark Zuckerberg de não moderar o presidente dos EUA – apenas um dia depois que o CEO defendeu novamente sua decisão de não limitar as publicações frequentemente controversas, incendiárias e imprecisas de Trump.

A decisão do Twitter em maio de ocultar um dos tuítes de Trump por “glorificar a violência” expôs a agitação no Facebook, com funcionários se rebelando contra a recusa de Zuckerberg em aplicar sanções às postagens falsas ou incitadoras de Trump.

Segue a íntegra do comunicado do movimento #StopHateForProfit

Pause o Ódio

Estamos pedindo a todas as empresas para que se solidarizem com nossos mais profundos valores norte-americanos de liberdade, igualdade e justiça e não anunciem nos serviços do Facebook em Julho.

#StopHateforProfit [Pare de permitir o ódio para obter lucros]

O que você faria com US$ 70 bilhões?

Nós sabemos o que o Facebook fez.

Eles permitiram a incitação à violência contra manifestantes que lutavam por justiça racial nos Estados Unidos, em decorrência de George Floyd, Breonna Taylor, Tony McDade, Ahmaud Arbery, Rayshard Brooks e muitos outros.

Eles chamaram o Breitbart News de “fonte confiável de notícias” e tornaram The Daily Caller um “verificador de fatos”, apesar dos registros de que essas publicações trabalham com nacionalistas brancos conhecidos.

Eles fecharam os olhos à flagrante supressão de eleitores em sua plataforma. [NT: A supressão de eleitores é uma estratégia de influenciar o resultado de uma eleição por desencorajar ou evitar que grupos específicos votem]

Eles poderiam proteger e dar apoio aos usuários negros? Eles poderiam evocar a negação do Holocausto como ódio? Eles poderiam ajudar a incrementar o comparecimento à votação?

Eles certamente poderiam. Mas eles estão optando ativamente por não fazê-lo.

99% dos US $ 70 bilhões do Facebook são feitos através de publicidade.

De que lado os anunciantes ficarão?

Vamos enviar uma mensagem poderosa ao Facebook: seus lucros nunca valerão a promoção de ódio, fanatismo, racismo, antissemitismo e violência.

Por favor junte-se a nós.

Publicado originalmente em ‘Raw Story‘ | Tradução de César Locatelli para Agência Carta Maior

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