Medidas do governo não chegam à ponta, dizem pequenas indústrias

Avaliação é de 70% dos micro e pequenos empresários industriais de São Paulo, consultados pelo Datafolha em pesquisa encomendada pelo Simpi-SP.

Empresários pedem mudanças na análise de crédito - Reprodução da internet

Passados três meses desde a chegada da pandemia de Covid-19 ao país, a dificuldade de acesso ao crédito para empresas de menor porte persiste. No caso das micro e pequenas indústrias de São Paulo, 70% dos empresários consultados pelo Datafolha em pesquisa encomendada pelo Simpi-SP avaliaram que as medidas governamentais de combate à crise não chegaram à ponta.

“Vemos um rol de medidas que demonstram boa vontade, mas há dúvidas sobre sua eficácia”, avalia o presidente do Simpi, Joseph Couri. O Simpi é o sindicato que representa o setor no Estado.

Foram consultados 257 micro e pequenos empresários industriais entre os dias 6 e 15 de junho. Na enquete, 29% dos entrevistados informaram que tiveram algum cliente que deixou de comprar porque entrou em falência ou em recuperação judicial desde o início da crise. Com as medidas de isolamento social necessárias para enfrentar a pandemia, os recursos disponíveis em caixas das empresas são escassos, devido ao tombo da demanda.

Na cadeia de fornecedores dessas indústrias, essa taxa foi de 21%. O risco de falir nos próximos 30 dias é mencionado por 16% das empresas industriais ouvidas, enquanto 14% consideram entrar com pedido de recuperação no período.

O Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), que começou a funcionar na semana passada e tem cobertura de 85% da carteira de empréstimos, também deve ser de pouca ajuda para o setor na visão de Couri. “Não adianta o governo garantir até 100% da inadimplência, como está discutindo, se não mudar como é feita a análise de crédito, pelo sistema tradicional. Não vai liberar dinheiro algum”, criticou.

Com financiamentos restritos para os pequenos negócios de forma generalizada, apenas 8% dos empresários dizem não ter problemas com falta de pagamentos e calotes dos clientes. Já 42% deles notaram que a inadimplência subiu após a pandemia. “Isso agrava bastante o caixa das empresas, aponta Couri”.

Fonte: Valor Econômico

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