Em ato trabalhadores da Unicamp exigem melhores condições de trabalho

“As Vidas dos Trabalhadores e das Trabalhadoras da Saúde Importam!”, esse foi o apelo feito no ato realizado nesta terça-feira […]

Créditos: João Kiko

“As Vidas dos Trabalhadores e das Trabalhadoras da Saúde Importam!”, esse foi o apelo feito no ato realizado nesta terça-feira (23/06), em frente ao Hospital de Clínicas da Unicamp, que cobrou mais proteção e melhores condições de trabalho para os profissionais que estão atuando na linha de frente do combate à pandemia.

Estamos atravessando uma pandemia onde o agravamento da situação se deve à omissão do governo Bolsonaro, que age sem nenhum apreço ao povo e aos trabalhadores. Por outro, o governo de estado e o prefeito de Campinas, ao liberar o comércio, passa mensagem equivocada à população agravando ainda mais a situação e o estrangulando do sistema público de saúde e, junto com ele, seus trabalhadores.

Créditos: João Kiko

“Apesar das denúncias e ações do STU, a situação desses profissionais dentro da Universidade continua muito precária. São inúmeras as reclamações sobre equipamentos de proteção individual; jornada extenuante; testes para detectar Covid-19, aumento dos afastamentos, das contaminações e adoecimentos; retirada de direitos trabalhistas, entre outros problemas”, explica o diretor do STU (Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp), João Raimundo Mendonça de Souza, o Kiko.

Em solidariedade, os estudantes se somaram à manifestação dos trabalhadores da Saúde e também promoveram um twittaço com a #SaúdeDaUnicampEmLuta para reforçar o descaso dos governos e da reitoria e chamar a atenção da população para as condições de trabalho degradantes desses profissionais que arriscam suas vidas para salvar as nossas.

O Brasil está em um nível de transmissão comunitária muito preocupante. Segundos dados da Secretaria Estadual da Saúde, na última semana, pela primeira vez as cidades do interior registraram mais novos casos que a capital.

É importante considerar que a velocidade da pandemia tem acelerado à medida que cresce o afrouxamento irresponsável do isolamento social na Região de Campinas. Com isso, eclodem os problemas no Complexo Hospitalar da Unicamp gerando ainda mais sobrecarga e aumento da pressão no ambiente de trabalho, afetando consideravelmente a qualidade do atendimento à população.

Créditos: Flávia Telles

Não tem como manter um SUS (Sistema Único de Saúde) de qualidade oferecendo condições de trabalho precárias aos funcionários. E também não dá pra entender como uma instituição de pesquisa do porte da Unicamp, referência no combate à Covid-19, não disponibiliza testes e EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) adequados aos seus trabalhadores.

Um estudo realizado por pesquisadores da Coppe/UFRJ – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, demonstrou que cerca de 2,6 milhões de profissionais da Área de Saúde apresentam risco de contágio acima de 50% pela Covid-19. Esse estudo chama a atenção não só para a importância de proteger esses profissionais, como para a enorme responsabilidade dos gestores em garantir condições de trabalho seguras.

Apesar da situação do país ser de calamidade pública, é preciso olhar para os trabalhadores de forma cuidadosa por conta da vulnerabilidade de transmissão no local de trabalho.

De acordo com, Elisiene Lobo, funcionária do Caism (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher) e uma das organizadoras da manifestação, as dores que mais afligem os profissionais são a incerteza e a precariedade das condições de trabalho. “O ato foi extremamente importante para chamar a atenção da população para o desrespeito com os trabalhadores e trabalhadoras da Saúde. E também cobrar dos governantes e dos gestores da Unicamp providências urgentes para evitar que mais trabalhadores se exponham ao risco desnecessário ou adoeçam por conta do local de trabalho. A situação dentro da Unicamp não está boa. A enfermagem, zeladoria, higiene, portaria e segurança precisam lidar diariamente com a pressão e sobrec arga de trabalho e sofrem em silêncio por não saber se estão contaminando os pacientes, ou se ao voltar pra casa vão contaminar suas famílias. É como se estivéssemos indo pra guerra de peito aberto, sem nenhuma proteção e apoio”.

O STU tem insistido junto à Administração da Unicamp na proposta de formação de uma Comissão Técnica com gestores e funcionários da Área de Saúde da Unicamp, que fiscalize o cumprimento dos protocolos e discuta os problemas apresentados pelos trabalhadores, entre eles, o acesso aos EPIs e testes, mais contratações e condições de trabalho seguras. Mas até o momento não obteve retorno.

Não podemos medir esforços para fortalecer as condições de segurança daqueles que estão lidando diretamente com os pacientes de Covid-19. É imprescindível lutar para preservar vidas, inclusive a vida de quem está cuidando das outras pessoas.

De Campinas,
Fernanda de Freitas
Jornalista