Pandemia afetou o emocional de 70% dos jovens; 28% podem largar escola

Levantamento ouviu mais de 33 mil entrevistados de 15 a 29 anos

O avanço da Covid-19 atingiu em cheio os jovens brasileiros. O medo da infecção, o desemprego, a dificuldade de adaptação ao ensino virtual e até o aumento da depressão tornaram-se marcas comuns entre indivíduos de 15 a 29 anos, conforme levantamento “Juventudes e a pandemia do coronavírus”, lançado nesta segunda-feira.

As conclusões da pesquisa trazem aspectos preocupantes. Sete em cada dez jovens relataram piora no estado emocional durante a pandemia, 28% pensam em não voltar à escola quando acabar o distanciamento social e metade cogita desistir do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

Entre os raros pontos positivos está a valorização da ciência e da saúde. Na opinião de 96%, é importante descobrir uma vacina que combata a Covid-19. Outros 85% querem ter acesso a testes que confirmem imunidade ao vírus. Os jovens esperam, ainda, que as restrições estabelecidas em tempos de distanciamento social sirvam como aprendizado de que é possível investir em trabalho remoto – o que pode gerar novos empregos para quem mora afastado dos grandes centros urbanos.

A pesquisa foi promovida pelo Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), em parceria com a rede Em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Mapa Educação, Porvir, Rede Conhecimento Social, Unesco e Visão Mundial. Foram entrevistados, com um questionário on-line, 33.688 jovens de todas as regiões do País, entre 15 e 31 de maio.

“É a maior geração de jovens da História do país. Serão eles os responsáveis por produzir, na segunda metade do século, um país mais próspero e menos desigual”, diz Marcus Barão, vice-presidente do Conjuve.

“Mesmo antes da pandemia, esta camada da sociedade já se deparava com uma série de desafios, como uma taxa de desemprego de 27% – o dobro da vista entre adultos. Agora, há o desafio de encarar a educação interrompida e a perda da renda familiar.”

Barão avalia que, mesmo diante das dificuldades em casa e no trabalho, a juventude “não está parada” e se engaja em ações sociais.  Segundo Rosalina Soares, gerente de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho, 40% dos jovens entrevistados ou de suas famílias já haviam solicitado auxílio emergencial à época do levantamento.

Além de deixar as contas familiares no vermelho, o coronavírus também abalou o relacionamento entre jovens e instituições de ensino. Seis a cada dez jovens consideram que escolas e faculdades devem priorizar atividades que os ajudem a lidar com as emoções.

“A Base Nacional Comum Curricular estabelece que o conhecimento dialogue com a vida. Os jovens estão pedindo um conteúdo que os ajude a lidar com a pandemia, porque estão emocionalmente cansados”, explica Rosalina. “A evasão escolar é uma ameaça real. Um dos aspectos que faz o jovem abandonar os estudos é quando ele perde o vínculo com o educador e a turma – e isso está ocorrendo durante a quarentena.”

Embora reconheça que o sistema educacional precisará se reinventar para dialogar melhor com os estudantes, Rosalina considera que os professores sairão valorizados depois da pandemia, já que o conhecimento científico é dado como fundamental para o combate ao coronavírus. Por outro lado, entre os entrevistados que pretendiam fazer o Enem, 67% não estão conseguindo estudar para o exame desde que as aulas foram suspensas – e 49% já pensaram em desistir da prova.

Medeiros defende que o exame seja adiado para maio de 2021, data já aventada pelo Ministério da Educação. Em sua opinião, desde o encerramento das aulas presenciais, as ferramentas disponíveis de preparação para a prova tornaram-se ainda mais desiguais. Muitos alunos estão sem acesso à internet, não podendo, assim, assistir aulas e praticar exercícios.

Com informações do jornal O Globo

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