Bolsonaro indica Feder ao MEC; Centrão e iniciativa privada comemoram

Apesar da experiência como professor e diretor de escola, Feder, de 42 anos, se destacou como empreendedor e apoiador de campanhas eleitorais da direita

(Foto: Reprodução)

Atual secretário da Educação e do Esporte do Paraná e sócio da Multilaser, Renato Feder foi o escolhido do presidente Jair Bolsonaro para assumir o Ministério da Educação (MEC). Feder havia se reunido com Bolsonaro antes da escolha de Carlos Alberto Decotelli – que pediu demissão após a revelação de fraudes em seu currículo. O anúncio do novo ministro deve ser feito nesta sexta-feira (3).

Apesar da experiência como professor e diretor de escola, Feder, de 42 anos, se destacou como empreendedor e apoiador de campanhas eleitorais da direita. A Multilaser, uma das maiores empresas de eletroeletrônicos e informática do País, teve faturamento superior a R$ 2 bilhões em 2018.

Graduado em Administração, com mestrado em Economia, o novo ministro chegou a doar R$ 120 mil à na campanha de João Doria (PSDB) a prefeito de São Paulo, em 2016. No ano passado, com forte lobby de empresários, foi nomeado secretário de Educação no Paraná.

Sua visão para a Educação agrada aos “tubarões do ensino” por que Feder é essencialmente liberal e privatista. Ele é coautor do livro Carregando o Elefante – Como Livrar-se do Peso que Impede os Brasileiros de Decolar (2007), que defende abertamente a “desconstrução do Estado”. Os autores da obra pregam a eliminação do Estado “em todas as atividades que hoje ele faz mas que poderiam ser repassadas à iniciativa privada, como a educação”.

Além disso, falam em privatizar todos hospitais e postos de saúde. Sem dar exemplos contundentes, o livro defende que a iniciativa privada é “intrinsecamente mais eficiente na gestão de qualquer coisa”.

No Paraná, Feder trouxe para o primeiro escalão da Secretaria nomes que vieram da iniciativa privada, especialmente da área de tecnologia, voltados a acelerar a transformação digital na educação pública. Mas a iniciativa privada não é a única a comemorar sua indicação ao MEC e fazer planos próprios.

Conforme escreveu o jornalista Igor Gielow, Feder foi uma indicação do Centrão, mais especificamente do PSD, para o Ministério da Educação. “A agremiação liderada por Gilberto Kassab já tem o recriado Ministério das Comunicações, onde foi instalado o deputado Fábio Faria (RN). Foi o ministro, por sinal, quem trouxe o nome de Feder para o governo quando Abraham Weintraub foi demitido”, resumiu Gielow.

A União Nacional dos Estudantes (UNE) criticou a escolha de Bolsonato. “A indicação de Feder para o Ministério da Educação só reforça a necessidade da nossa luta em defesa da educação pública. A prioridade deve ser o Fundeb com mais recursos pras escolas públicas, auxílio aos estudantes e valorização das universidades e institutos federais”, tuitou o presidente da entidade, Iago Montalvão.

Já a presidente da Associação Nacional dos Pós-Graduantos, Flávia Calé, lembrou que Feder será o quarto ministro da Educação em um ano e meio. “Pelo seu histórico recente à frente da Sec. Estadual de Educação no Paraná, indica forte relação com setor privado. Já no contexto de pandemia, implementou um modelo de homeschooling, o ensino em domicílio”, afirmou Flávia.

Não por acaso, quem sai em defesa do novo titular do MEC é justamente o setor privado. Ademar Batista Pereira, presidente da Federação das Escolas Particulares (Fenep), foi na mesma linha, ao dizer que o futuro ministro “pensa fora da caixa”. Mas nada de mensão à demanda por qualidade de ensino ou a uma gestão mais eficiente no MEC.

Na mesma linha, Celso Niskier, presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), elogiou Feder: “É uma pessoa aberta ao diálogo e parcerias e parece estar sintonizado com as novas tecnologias e conceitos inovadores de ensino”. Para os tubarões do ensino, é hora de privatizar tudo que diga respeito à Educação e ao MEC.

Da Redação, com agências

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