“Nunca é tarde” para o Brasil frear a covid-19, diz OMS

Número de novos casos da pandemia no Brasil se estabilizou nos últimos dias, mas não significa que irá diminuir, afirmou diretor-executivo da OMS durante coletiva nesta sexta-feira (3). Ele reafirmou a importância do uso de máscaras.

Lanchonetes, bares e restaurantes do Rio de Janeiro reabrem com restrição de horário, lotação e distância entre mesas. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

“Nunca é tarde demais em uma epidemia para assumir o controle. A questão não é se o surto está fora de controle ou sob controle. A questão é: vá para casa e assuma o controle da situação”, disse o diretor-executivo da Organização Mundial da Saúde, OMS, Mike Ryan, durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira (3). A sugestão foi uma resposta da OMS à decisão da reabertura de bares e restaurantes no Rio de Janeiro na quinta-feira (2).

Ryan apontou que, apesar de serem considerados altos, os números diários de novos casos da covid-19 no Brasil estabilizaram nos últimos dias, mas isso não representa que a situação tenha melhorado no país. A observação da curva epidêmica por semana revela um pico de casos e mortes, achatado num número muito alto, sem apontar para o início de uma queda, mas, em vez disso, sinalizando risco de aumento dos casos e mortes.

“[No Brasil] os números aumentaram diariamente, mas, nos últimos dias, eles se estabilizaram. Agora, como dissemos muitas vezes nas coletivas anteriores, a estabilização não significa que os números vão diminuir”, alertou Ryan. “Vimos que os números no mês de maio estavam subindo muito. Durante o mês de junho, eles deram uma ligeira diminuída, mas ainda estavam subindo”, lembrou Ryan. “Esperamos agora que isso [os casos diários] não comece a subir novamente.”

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, também comentou a situação brasileira e deu como exemplo países que já foram epicentro da pandemia, e conseguiram controlar a transmissão.

“Na última quarta-feira, eu dei o exemplo de dois países, Espanha e Itália. Se você vir o número de casos que eram registrados, verá que eles registravam mais de 10 mil. O mundo inteiro estava realmente preocupado”, lembrou Tedros. “Mas então, eles começaram pelas lideranças, as pessoas se uniram e também fizeram a coisa certa. Agora, eles [Itália e Espanha] suprimiram e controlaram [a pandemia]. Portanto, nunca é tarde demais, é sempre possível”, repetiu o diretor-geral da OMS.

O importância do uso da máscara

Mesmo sem uma vacina contra a covid-19, Tedros lembrou que muitos países já conseguiram controlar a pandemia com medidas recomendadas pela OMS, como o isolamento social e o uso de máscaras.

“Muitos países provaram repetidamente que, com as ferramentas disponíveis, podemos suprimir, podemos controlar [a pandemia]. E devemos fazer isso, devemos usar o que quer que seja para controlá-la. Funciona”, garantiu o diretor-geral da OMS.

Tanto Tedros quanto Ryan voltaram a recomendar o uso da máscara pela população nos países em que há a transmissão comunitária do coronavírus, como no Brasil.

“A OMS aconselha o uso da máscara como controle em situações em que há transmissão comunitária e onde as pessoas não conseguem manter distanciamento social adequado, como transporte público, em lojas e restaurantes”, orientou o diretor-executivo.

Na terça-feira (30), o uso de máscaras em locais públicos voltou a ser tema polêmico no Brasil depois que a Justiça derrubou a liminar que determinava ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) o uso de máscaras em locais públicos do Distrito Federal. Hoje, a sanção da lei das máscaras também virou polêmica depois dos vários vetos do presidente Bolsonaro, autorizando que não se use máscaras em diversas situações, criando confusão e desinformação.

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