Celso Amorim vê crime na comemoração de Bolsonaro na embaixada dos EUA

Ex-ministro da Defesa do governo Dilma Rousseff citou o artigo 4º da Constituição que trata da independência nacional. O texto estabelece que o Brasil não se submeterá a nenhum outro ordenamento jurídico

O ex-chanceler Celso Amorim - Foto: Joana Berwanger

Celso Amorim, ex-ministro da Defesa de Dilma Rousseff, disse que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ao comparecer no sábado (4) à embaixada americana para comemorar a independência estadunidense ao lado de ministros militares. Em entrevista à colunista Denise Assis, do ‘Jornalistas pela Democracia’, o ex-chanceler do governo Lula citou o artigo 4º da Constituição Federal, cujo primeiro parágrafo trata da independência nacional.

O texto estabelece que o Brasil não se submeterá a nenhum outro ordenamento jurídico. Além disso, a República Federativa do Brasil também deve buscar a “integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações”.

“Veja bem, não teria nada demais ele fazer uma visita em um tempo que fosse normal, se ele visitasse outras embaixadas também. Cada presidente tem lá uma escolha. Agora, ir com aquela equipe toda, em um ambiente desfrutável, de estar confraternizando… Só faltou comer melancia com sal e pimenta para se identificar mais lá com os norte-americanos”, observou Amorim. Para o embaixador, a presença de militares no almoço com o embaixador americano é preocupante.

“Eu, no plano simbólico, acho que os militares dão muita importância, não é uma coisa boa. Não é uma coisa boa estar lá com os ministros militares, com o ministro da Defesa, ministro das Relações Exteriores”, declarou Amorim. Para ele o gesto “é uma submissão tão explícita, que deveria até envergonhar”.

Ele faz menção à igualdade entre os Estados, baseado no princípio da reciprocidade. O que torna incompreensível a submissão de Bolsonaro aos EUA, uma vez que sua devoção não trouxe nada de positivo ao Brasil. Ao contrário, só favoreceu o governo de Donald Trump. “Qual o objetivo de explicitar tanto esta relação?” questionou o ex-chanceler.

“Não sei”, respondeu. “É para agradar alguém. Deve ter alguém que vê e ache que isto está bem. Eu sinceramente não consigo compreender o que é que isto traz de ganho para o próprio governo, junto a uma parte considerável, inclusive uma parte conservadora, que gostaria de ver pelo menos uma certa decência nas ações e nas imagens”, espantou-se Amorim.

Com informações do PT Nacional

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