UNEGRO realiza virtualmente lavagem da estátua da Mãe Preta em SP

No último domingo (26 de Julho de 2020) em homenagem ao dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, […]

No último domingo (26 de Julho de 2020) em homenagem ao dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, a UNEGRO realizou um ato virtual de lavagem da estátua da Mãe Preta localizada no Largo Paissandú no Centro Histórico de São Paulo. O ato buscou homenagear simbólicamente as mulheres negras e marcar a resistência e valorização da Luta da Mulher Negra na História da cidade de São Paulo.

Confira na íntegra o Manifesto aprovado na ocasião:

Chamamento lavagem da mãe preta. A Mãe Preta chama!

No mês de julho, mês da Mulher Negra Latino-americana e caribenha, ocorreria a lavagem da estátua da Mãe Preta situada no Largo do Paissandú, praça onde está localizada a igreja da Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, ponto de referência para a comunidade afro-descendente em muitas reivindicações. Por motivos da Pandemia da Covid19 a ação não será possível na prática. Mas a sua representação, com
a ajuda das mídias, será marcada pela por nossa presença.

A estátua da mãe preta, inaugurada 23 de janeiro de 1955, foi esculpida após uma série de pressões de militantes do movimento negro que há tempos esperavam pela criação da estátua com objetivo de chamar a atenção para a importância dos negros na construção do país e homenagear a mulher negra em especial.

A estátua, embora apresente uma fisionomia característica do imaginário da elite branca da época colonial e da época em que foi construída, foi pensada para representar a ama de leite cujos pés e mãos enormes representam a atividade produtiva da mulher negra. Além de homenagem ao peso da presença das mães pretas em nossa formação humana, também reforça o protesto sore a forma como as mulheres negras sustentaram social e economicamente a elite brasileira.

A mãe preta, é um símbolo de resistência e muito tem a ver com a atual situação da mulher negra no Brasil, que apesar de não serem “Amas de leite” como no período escravocrata, continuam sendo a provedora e lutadora, invisibilizada, silenciada e esquecida, por um sistema racista, misógino, machista e patriarcal, mas que não a esquece ao explorá-la demasiadamente.

Nós mulheres negras, somos protagonistas da história desse país, somos mulheres guerreiras e de luta. Seja como for e como cada uma consegue se expressar, não aceitaremos mais: a intolerância religiosa, o feminicídio, a violência doméstica, a lesbofobia, o racismo institucional, o machismo, a misoginia e qualquer tipo de preconceito.

Não aceitaremos mais ser a base da base da pirâmide e termos os menores
salários sabendo que nosso esforço e produtividade são fundamentais para a manutenção das bases econômicas. O que devemos é criar a consciência de que sem nosso trabalho não há economia.

Queremos o fim do genocídio da juventude negra. Queremos que nossas filhas e filhos possam desfrutar das oportunidades que lhes são tiradas.

Temos que tomar plena consciência do quanto a Reforma da Previdência tal
como está posta massacra as mulheres negras e o pacote anticrime do Ex-ministro Sérgio Moro, embora tenha sido derrotado por hora, é prejudicial à nossa existência. Devemos permanecer alerta sabendo que em um movimento cíclico a população negra é dizimada.

A lavagem virtual da estátua da Mãe Preta, por ser um símbolo da luta de nossas ancestrais, deve ser marcada. Por Tereza de Benguela, Aqualtume, Luisa Mahin, Lélia Gonzales, Beatriz Nascimento, Dandaras, Carolina de Jesus, Luana Barbosa, Marielle Franco e muitas e tantas outras que resistiram para hoje existirmos. Nossos passos vem de longe!