Bispos anti-Bolsonaro recebem apoio de intelectuais e de 1.058 padres
Além de Bresser-Pereira, já aderiram ao manifesto nomes como Celso Amorim, Luiz Gonzaga Belluzzo e Fábio Konder Comparato
Publicado 31/07/2020 12:01 | Editado 31/07/2020 12:57
Intelectuais que integram o Projeto Brasil Nação estão colhendo adesões a um manifesto de apoio à Carta Ao Povo de Deus , assinada por 152 bispos e arcebispos brasileiros que se opõem à gestão Jair Bolsonaro. Considerada um dos mais fortes ataques de lideranças católicas ao governo de extrema-direita, a “Carta dos 152” nasceu no interior da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). De modo corajoso, seus signatários rompem o silêncio da Igreja e acusam o presidente de “incapacidade e inabilidade” para enfrentar as crises vividas pelo País.
Além do economista e ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, idealizador Projeto Brasil Nação, diversos nomes já aderiram ao manifesto em solidariedade aos bispos anti-Bolsonaro. É o caso de Celso Amorim, Luiz Gonzaga Belluzzo, Fábio Konder Comparato, Fernando Morais, Margarida Genevois, Luciano Coutinho, Eleonora de Lucena e Maria Victoria Benevides.
Na quinta-feira (30), a Carta Ao Povo de Deus já havia recebido o contundente apoio de 1.058 padres, o que expôs o crescente racha entre as chamadas alas “progressista” e “conservadora” na Igreja Católica. Segundo os bispos, o Brasil atravessa um dos momentos mais difíceis de sua História e vive uma “tempestade perfeita”. Há uma combinação de crises sem precedentes na saúde e um “avassalador colapso na economia”, com questionadas e polêmicas ações do presidente da República que resultam “numa profunda crise política e de governança”.
Ao manifestarem apoio aos bispos, os padres afirmam que a Carta Ao Povo de Deus tem “profunda comunhão com o papa Francisco e seu magistério”, bem como com a CNBB, oferecendo ao povo “luzes para o discernimento dos sinais nestes tempos tão difíceis”. O texto não poupa Bolsonaro: “Estamos profundamente indignados com ações do presidente da República em desfavor e com desdém para com a vida de seres humanos e também com a da ‘nossa irmã, a Mãe Terra’, e tantas ações que vão contra a vida do povo e a soberania do Brasil”.
Na opinião dos 1.058 padres, os governantes “têm o dever de agir em favor de toda a população, de maneira especial os mais pobres”. Mas “não tem sido esse o projeto do atual governo”, que “não coloca no centro a pessoa humana e o bem de todos, mas a defesa intransigente dos interesses de uma economia que mata, centrada no mercado e no lucro a qualquer preço”.