Manifestantes bloqueiam estradas na Bolívia contra manobra golpista

Manifestantes contra o governo golpista da Bolívia bloquearam algumas das principais estradas do país na semana passada para denunciar a manobra do atraso das eleições gerais e o descaso com a pandemia do coronavírus.

Os manifestantes disseram ter criado 70 bloqueios nas estradas, isolando seis milhões de moradores de três regiões do planalto, incluindo a mais importante metrópole da Bolívia, La Paz. Houve temores de escassez de alimentos e gasolina. A informação é do jornal The Washington Post.

A agitação da Bolívia pode ser um prenúncio do que está por vir em outros lugares da América Latina, onde as pessoas estão perdendo a fé na capacidade de seus países de conter a pandemia e de mitigar a crise econômica provocada por medidas de combate ao vírus.

A pandemia matou mais de 210.000 pessoas na América Latina e mergulhou sua economia na recessão mais profunda em pelo menos um século, de acordo com as Nações Unidas. A Bolívia sofre um dos maiores focos da região, quando ajustada para a população; o vírus matou 3.000, adoeceu altos funcionários do governo e sobrecarregou hospitais.

O governo golpista disse que interromperia os bloqueios à força se não chegasse a um acordo com os organizadores do protesto. A ameaça reavivou os temores de um retorno à violência política do ano passado, quando duas dúzias de manifestantes contra o golpe que tirou Evo Morales da Presidência morreram durante confrontos com as forças da repressão.

Os organizadores do protesto disseram que estavam permitindo que médicos, fornecedores médicos e combustível passassem pelos bloqueios. Os protestos desta semana foram desencadeados pela decisão do conselho eleitoral boliviano no mês passado de adiar a eleição geral pela segunda vez este ano, citando preocupações com a saúde. Era para ser realizada em 6 de setembro, mas agora foi adiada para outubro.

Os manifestantes denunciam que a presidenta golpista Jeanine Añez usaa os atrasos para salvar sua campanha eleitoral e intensificar a perseguição aos opositores. Os manifestantes pediram ao conselho eleitoral para restabelecer a data da eleição anterior, ou pelo menos garantir que não haverá mais atrasos.