Brasil depende cada vez mais da China para ter superávit comercial

Chineses importaram US$ 4,5 bilhões apenas em julho

A China é a principal fonte de contribuição para o superávit da balança comercial do Brasil. Os chineses importaram US$ 4,5 bilhões dos brasileiros apenas em julho – e US$ 21,9 bilhões nos primeiros sete meses do ano. É o que apontam dados do Boletim de Comércio Exterior (Icomex) divulgado nesta sexta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

Sem o país asiático, a situação do Brasil é de mais equilíbrio entre exportações e importações. De janeiro a julho deste ano, embora tenha acumulado saldo positivo com a América do Sul (US$ 3,2 bilhões) e com a União Europeia (US$ 1,6 bilhão), houve forte déficit com os Estados Unidos (US$ 3,1 bilhões). Em outras palavras, um único mês de relações comerciais com a China compensa todo o déficit que o Brasil acumulou com os Estados Unidos em sete meses.

Segundo o Ibre, a participação da China nas exportações e nas importações brasileiras superou – e muito – a dos principais parceiros no acumulado do ano até julho. Nas exportações, a participação da China alcançou 34,1%. A União Europeia, que ficou em segundo lugar, atingiu 13,4%.

De acordo com o Icomex, na análise da participação do comércio por grandes regiões, a Ásia responde por quase 50% das exportações brasileiras, bem à frente da Europa (18,7%), da América do Norte (12,6%) e da América Latina (11,2%).

“Esse resultado para a Ásia e a China não é uma questão conjuntural. A ascensão da participação da China iniciada em meados da primeira década dos anos 2000 tem sido contínua e acompanhada de um aumento das commodities na pauta exportadora”, diz o Boletim.

O saldo da balança comercial de julho ficou em US$ 8,1 bilhões, que é o maior na série histórica do mês de julho. Com o resultado, o superávit acumulado nos sete primeiros meses do ano atingiu US$ 30 bilhões. A China, sozinha, responde por quase três quartos do superávit brasileiro.

Segundo o Ibre/FGV, a queda acentuada nas importações (de 35,2% de julho de 2019 a julho de 2020) contribuiu para o desempenho, mas não para a melhora nas exportações, que caíram 2,9%. O volume exportado aumentou 14,2% na comparação a julho de 2020 com 2019, mas a queda nos preços de 15% provocou recuo no valor exportado. Nas importações, os dois índices recuaram e a redução do volume atingiu 29,7%.

O desempenho favorável das exportações ainda é um reflexo do aumento no volume das exportações de commodities. Em julho, o volume do conjunto das principais commodities exportadas pelo Brasil cresceu 33,1% em relação a julho de 2019, ao contrário das não commodities com queda de 11,3%. A diferença também é expressiva na comparação do acumulado do ano, aumento de 15,2% das commodities e recuo de 18,2% das não commodities.

Conforme enfatizado nos últimos boletins do Icomex, o Ibre destacou que a importância da China na pauta brasileira tem sido crescente e impulsionada pelo aumento do volume exportado de commodities. Após o crescimento de 51,4% entre junho de 2019 e 2020, o volume exportado registrou uma variação de 55% na comparação interanual de julho.

A China é o principal mercado para sete dos dez principais produtos exportados pelo Brasil no mês de julho. Os principais continuam sendo a soja em grão, minério de ferro e petróleo, com 79% das exportações brasileiras para esse mercado. Outros produtos também têm registrado alta nas exportações como as carnes bovina, com aumento de 160%, e a suína, aumento de 158%.

De julho de 2019 a julho de 2020, a indústria extrativa registrou alta nas exportações de 37,7%, o seu melhor resultado no ano, puxado pelo aumento no volume exportado de petróleo. O volume exportado da indústria de transformação foi 2,5% maior, após meses seguidos de contração.

O Icomex apontou ainda que os volumes exportados da indústria de transformação diminuíram tanto na comparação mensal, como no acumulado do ano até julho, exceto os bens não duráveis, onde estão presentes as commodities dessa indústria. O volume exportado de bens não duráveis subiu 26,1% na comparação mensal e 18,9%, no acumulado no ano.

Com informações da Agência Brasil

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