Como o auxílio emergencial beneficiou as regiões mais pobres

Consumo deve ser abalado caso o governo Jair Bolsonaro suspenda o auxílio emergencial

Graças à chegada do auxílio emergencial às mãos de trabalhadores desempregados e informais, houve um relevante estímulo à economia de cidades pobres do Brasil, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. É o que apontam dados coletados pelo Banco Central e por fontes como a Cielo e o Santander, conforma reportagem do Valor Econômico publicada nesta segunda-feira (31).  A base do levantamento é a venda com cartão de débito registrada pela Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP).

“O auxílio emergencial ajudou a sustentar o consumo, sobretudo de bens e serviços essenciais, em regiões mais pobres”, sustenta o texto, citando o mais recente Boletim Regional do Banco Central De acordo com o BC, “na média das três primeiras semanas de julho, o nível de consumo da região Norte era 37% superior ao momento pré-pandemia (média semanal de 4 de fevereiro a 16 de março). No Nordeste e Centro-Oeste, o crescimento atingiu 16%, enquanto Sul e Sudeste estavam apenas 1% e 2% acima, nesta ordem”.

Os dados confirmam que, com o auxílio emergencial, a recuperação econômica dos municípios mais pobres é mais expressiva do que nas cidades mais ricas. No Norte e no Nordeste, afirma o Valor, “a diferença entre a força de recuperação do consumo em cidades mais pobres e mais ricas era ainda maior”.

Como parte dos beneficiários não tem conta bancária, o impacto do auxílio não é inteiramente captado pelo Banco Central. Mas um mapeamento do professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Cassiano Trovão, doutor em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp, indica a força do auxílio na “massa de renda de todas as fontes”. É um índice superior a 25% na maioria dos estados do Norte e Nordeste, sendo 39% no Maranhão, 32% em Alagoas, 32% no Piauí e 29,5% no Pará.  Já no Centro-Oeste, Sudeste e Sul, essa fatia é inferior a 15%.

Para a economista Tania Bacelar, o impacto no Norte/Nordeste “foi uma massa de recursos grande, mexeu com o consumo”. Professora emérita da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e sócia da Ceplan, Tania diz que o auxílio “dinamiza a feira, a farmácia, a padaria, a manicure.” Além disso, “quem estava no Bolsa Família ganhando R$ 200 viu a renda triplicar”.

De maio para junho, segundo o IGet (índice de vendas no varejo do Santander), houve crescimento de 5,5% do comércio no Norte e Nordeste, ante 2,2% no Centro-Oeste, Sudeste e Sul foi de 2,2,%. “O Norte foi muito afetado de início, teve fechamento forte da economia e hoje vemos uma redução na crise da saúde”, afirma Gabriel Mariotto, superintendente-executivo de Inteligência da Cielo. “Já o Sul teve retomada mais rápida em maio, parecia que a região não seria tão afetada, mas depois os casos começaram a aumentar e vemos estabilidade da taxa de recuperação.”

O consumo nos municípios mais pobres deve ser abalado caso o governo Jair Bolsonaro suspenda o auxílio emergencial, já que, de quebra, a economia e o mercado de trabalho seguem desaquecidos. “Aquele respiro que vemos pode desaparecer”, resume Trovão, da UFRN.

Com informações do Valor Econômico

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