Embraer demite 2.500 trabalhadores sem negociação e em plena pandemia

Houve 900 cortes diretos e 1.600 adesões ao Programa de Demissão Voluntária

A Embraer anunciou nesta quinta-feira (3) a demissão ilegal de 900 trabalhadores, em todo o Brasil, que estavam em licença remunerada. O corte em massa acontece um dia depois do encerramento do Programa de Demissão Voluntária (PDV), que teve 1.600 adesões no País.

As demissões foram feitas sem qualquer negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP), ferindo acordo para preservação de emprego assinado em 9 de abril (cláusula 8.1). Para agravar a situação, os cortes ocorrem num período de calamidade pública provocada pela pandemia do novo coronavírus.

Segundo o sindicato, nem mesmo o PDV foi negociado. A empresa apenas apresentou o programa, sem aceitar alternativas. Este foi o terceiro PDV aberto pela empresa em menos de dois meses. Nos dois anteriores, houve um total de 450 adesões.

Os sindicatos dos metalúrgicos e dos engenheiros convocaram todos os demitidos para um ato nesta quinta, às 14h30, na portaria da matriz, na Avenida Faria Lima, em São José dos Campos. Além das demissões, as entidades receberam diversas denúncias de que gestores da Embraer estariam pressionando trabalhadores em licença remunerada para que aderissem ao PDV. O caso é investigado pelo Ministério Público do Trabalho.

Como forma de preservar os empregos, o sindicato vai propor à Embraer a suspensão imediata de todas as demissões, inclusive as relativas ao PDV; a estabilidade no emprego durante a pandemia; e a equalização dos altos salários da empresa. Conforme documento oficial da Embraer, anexado em processo judicial na 3ª. Vara Federal de São José dos Campos, há funcionários recebendo mais que um salário mínimo por dia na empresa.  A equalização salarial pode preservar centenas de empregos na fábrica.

Má gestão

A Embraer tenta atribuir o PDV à pandemia. Mas estudos mostram que as dificuldades financeiras foram provocadas pela má gestão do Conselho Administrativo na negociação com a Boeing. As perdas geradas pelo processo de venda chegaram a R$ 1,2 bilhão. Já as geradas pela pandemia ficaram em R$ 83,7 milhões.

O sindicato também vai cobrar do poder público medidas que proíbam as demissões. Só neste ano, a Embraer recebeu R$ 3 bilhões em financiamento aprovado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e bancos privados.

“É um crime o que a Embraer está fazendo com esses trabalhadores. Enquanto mantém altos executivos com salários milionários, demite 2.500 pais e mães de família que dependem de seus empregos para sobreviver”, afirma Herbert Claros, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos. “Não aceitaremos essa medida. Vamos buscar todas as formas de luta para reverter as demissões.”

Com informações do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos

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