Em Brasília, ato lembra excluídos e mortos por política de Bolsonaro

Performances artísticas representaram povos indígenas e jovens negros. Educação e saúde também foram lembrados. Manifestação é parte do Grito dos Excluídos.

Grupo protesta pela educação em ato do Grito dos Excluídos - Foto: Divulgação

Em Brasília, capital federal, o 26º Grito dos Excluídos se inspirou na cultura para uma manifestação simbolizando todas as mazelas brasileiras, intensificadas sob a gestão de Jair Bolsonaro. Os participantes realizaram um Ato Cênico Performático dividido em alas a exemplo de uma escola de samba. Estavam representados os povos indígenas, profissionais da saúde, cultura e outros. A concepção foi do dramaturgo José Regino, que levou em conta a segurança devido à pandemia.

“Como fazer um ato nesse momento com segurança? A partir dessa discussão, chegar a esse desenho foi uma consequência quase natural. A gente pensou em escola de samba, dividir em alas e fazer um ato totalmente parado. Cada coletivo trouxe a sua imagem para cá e eu comecei a conceber essas imagens com os índios ensanguentados, a Pietá com um jovem negro”, explicou Regino.

“A grande contribuição que o Regino traz é presença da cultura no ato, não uma presença artificial, mas como essência. É a melhor expressão da política a partir dos elementos da nossa cultura humana brasileira”, destacou o ex-ministro Gilberto Carvalho, que compareceu ao ato.

A vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carmen Foro, ressaltou a força das performances silenciosas, em especial a releitura da Pietá, com artistas representando uma mãe e um jovem negro baleado. A performance teve ainda a bandeira do movimento LGBT.

“Esse ato silencioso falou muito mais que alguns atos que temos a capacidade de expressar. É um ato que retrata, com a cultura, uma mensagem muito forte dos jovens negros assassinados na periferia, do quanto a justiça está sendo sangrada, o quanto nossa Constituição está sendo rasgada”, comentou.

Releitura da Pietá representa genocídio negro – Foto: Reprodução/Facebook

Vítimas da pandemia e do descaso

A enfermeira Rita Arruda, da Rede Popular em Defesa do SUS, participou representando os profissionais da saúde. Ela lembrou o total descaso do governo Bolsonaro em relação à pandemia, que está custando as vidas de milhares de brasileiros.

“Estamos de luto por tantos profissionais, principalmente os de enfermagem, que morreram por irresponsabilidade desse governo, que não fez ações decentes e eficientes ao controle da pandemia. Uma falta de cuidado com a população e quem mais está morrendo são os profissionais de saúde”, comentou.

Um total de 396 profissionais de enfermagem já morreram devido ao coronavírus, segundo dados do Observatório da Enfermagem do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) consultados neste 7 de setembro.

Segundo cálculo do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), divulgado por Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, pelo menos 244 médicos morreram de março ao início de setembro.

O evento realizado nesta segunda em Brasília, no gramado em frente ao Teatro Nacional, foi organizado pelo Grito dos Excluídos, Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo. Estão previstos atos do Grito dos Excluídos em todo o país neste 7 de setembro.

Confira mais imagens do ato em Brasília:

Performance representa Justiça – Imagem: Reprodução/Facebook
Grito dos Excluídos em Brasília – Foto: Divulgação
Grito dos Excluídos em Brasília – Foto: Divulgação
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