Para ajudar Trump, Bolsonaro sacrifica produtor de cana brasileiro

Segundo o jornal The New York Times, renovação de cota sem tarifas é trunfo comercial para Trump perante os empresários de Iowa, um dos estados mais disputados nas eleições e região produtora de etanol.

Bolsonaro privilegiou produtores norte-americanos de etanol

Para ajudar na eleição de Donald Trump, o governo Jair Bolsonaro sacrificou produtores brasileiros. Na última semana, o governo do Brasil decidiu estender por três meses uma cota de importação de etanol dos Estados Unidos sem tarifas, alcançando 187,5 milhões de litros de etanol.

Segundo o jornal The New York Times, a medida é um trunfo comercial para Trump perante os empresários de Iowa, um dos estados mais disputados nas eleições e região produtora de etanol. Na eleição de 2016, Trump venceu em Iowa por uma diferença de 9,5 pontos percentuais.

No entanto, este ano, segundo a BBC, as pesquisas apontam uma diferença de menos de 2 pontos percentuais em relação a seu adversário do partido Democrata, Joe Biden.

A taxação zero do etanol prejudica principalmente os estados do Nordeste, alvo da demagogia de Bolsonaro no últimos meses. “O etanol dos Estados Unidos ocupa um espaço no nosso produto. Aproximadamente 50 usinas e destilarias do Nordeste sofrem com essa concorrência distorcida”, disse o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE) e da Novabio, Renato Cunha, ao jornal Folha de Pernambuco. Cerca de 70% da produção de etanol no Nordeste do Brasil é ocupada pelo etanol americano, enquanto no Brasil é de apenas 8%.

O Ministério das Relações Exteriores tentou acalmar os produtores brasileiros alegando, em comunicado conjunto com os EUA, que há o compromisso de discussões para aumentar o acesso ao mercado de etanol e açúcar de ambos os países, assim como abertura do mercado do milho. Mesmo assim, a decisão desagradou o setor canavieiro.

“A cota [de importação] é um sacrifício enorme para o produtor brasileiro neste momento em que os estoques estão muito mais altos do que no ano passado. E só tem sentido se o compromisso assumido pelo ministro Ernesto Araújo, de negociar um bom acordo para o açúcar brasileiro nos Estados Unidos ,realmente se concretizar neste prazo de três meses” disse ao Jornal Nacional Evandro Gussi, presidente da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica).

Com informações do Portal PT

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