Granma registra apoio do Conselho Mundial da Paz às Brigadas H. Reeve

Na última sexta-feira (25) O Conselho Mundial da Paz (CMP), do qual é membro o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), encaminhou seu apoio à indicação das brigadas médicas cubanas Henry Reeve ao Prêmio Nobel da Paz de 2021. A missiva ao Comitê Norueguês do Nobel, firmada pela presidenta do CMP, Socorro Gomes, e pelo secretário-geral, Thanassis Pafilis, foi destaque no jornal Granma, órgão oficial do Partido Comunista de Cuba, na edição do dia 26/09.

Na matéria, o jornal ressalta que “em contraste com a intensa campanha de descrédito financiada pelos Estados Unidos contra a colaboração da Ilha, a formalização da candidatura sela um pronunciamento internacional unânime que exalta a nobre atitude da Medicina cubana, cujos profissionais, como recentemente declarou, na ONU, o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, recebam ou não o Nobel, ‘há anos conquistaram o reconhecimento dos povos’“.

Nascido da luta antifascista em 1949-1950, o Conselho Mundial da Paz (CMP) é composto por cerca de 100 entidades nacionais de todos os continentes. Como organização internacional, pôde dirigir ao Comitê Norueguês do Nobel seu apoio ao Contingente Internacional de Médicos Especializados em Situações de Desastre e Epidemias Graves Henry Reeve. Leia, abaixo, a carta do CMP.

Estimados membros do Comitê Norueguês do Nobel,

Estimada Sra. Berit Reiss-Andersen, Presidenta

Dirigimo-nos ao Comitê neste período de grandes desafios para a humanidade e um tempo da maior necessidade de solidariedade. A pandemia de Covid-19 é mais um exemplo do quão essencial é a solidariedade internacional na promoção de uma paz justa e na mitigação do sofrimento das pessoas durante as emergências. E é neste sentido que vemos como o mais sincero exemplo de tal solidariedade internacional o trabalho que o contingente médico cubano “Henry Reeve” tem desempenhado já muito antes do anúncio da epidemia de coronavírus. Este fato nos leva a instá-los a reconhecer quão valente e exemplar é o empenho do grupo outorgando-lhe o Prêmio Nobel da Paz.

Os vários grupos médicos cubanos atualmente trabalham salvando vidas em 24 países na América Latina e Caribe; 27 países africanos; 2 no Oriente Médio e 7 na Ásia. Eles têm levado assistência humanitária às pessoas há cerca de 60 anos, em uma duradoura tradição cubana de cuidado humanista por outros povos, realizado mesmo diante dos graves desafios econômicos que a Ilha enfrenta, sofrendo de extremamente graves sanções que, em enfático contraste com a disposição dos cubanos, também dura mais de seis décadas e impõe grandes dificuldades ao povo cubano. Ainda assim, os cubanos superam essa barreira para mostrar ao mundo como melhor se constrói a paz e as pontes, para que outros povos tenham a chance de superar seus próprios desafios e não perder suas vidas antes de conseguirem. As brigadas cubanas têm atuado em países como o Peru, após o devastador terremoto de 1970 que matou quase 80 mil pessoas e deslocou milhares de famílias (note-se que Cuba e Peru não tinham relações diplomáticas); no Haiti, durante a crise de cólera; em vários países africanos, lutando contra o Ebola; na América Latina e Caribe, com uma vasta gama de programas que ajudou milhares de pessoas.

As “brigadas Henry Reeve”, como o contingente de emergência é conhecido, tem uma tarefa gigantesca que só um empenho humanista poderia cumprir, como tem cumprido. Esse imenso desafio está em sua designação: Contingente Internacional de Médicos Especializados em Situações de Desastre e Epidemias Graves”. O contingente foi criado em 2005 e nomeado em homenagem ao jovem ativista estadunidense que decidiu se juntar ao Exército de Libertação de Cuba em solidariedade com os cubanos em luta pela independência. Em cerca de 28 brigadas enviadas a 22 países desde a sua criação, mais de 7.950 profissionais atuaram por enfrentar os efeitos de 16 enchentes, oito furacões, oito terremotos e quatro epidemias. Na luta contra a Covid-19, os sempre corajosos médicos cubanos prontamente deslocaram-se para diversos países, inclusive a Itália, que em março estava entre os países mais atingidos pelo surto. As brigadas foram requisitadas pelos governos de países como Venezuela, Nicarágua, Itália, Suriname, Jamaica, Granada, Andorra, Saint Kitts e Nevis, Haiti, Dominica, Belize, Saint Vincent e Grenadines, Saint Lucia e Antígua e Barbuda.

Há 14 dessas brigadas trabalhando com mais de 500 médicos e outros profissionais da saúde especializados, valentes homens e mulheres que há muito têm levado assistência de grande necessidade aos povos em vários países e em todos os continentes, salvando incontáveis vidas e mostrando a empatia humanista e a gentileza pelas que ficam conhecidos por onde quer que passem. Este trabalho é chave na construção da paz em meio a conflitos violentos e estruturais e na oferta de condições para que as pessoas tenham suas mais básicas necessidades correspondidas em condições de desastre e empobrecimento extremo. Por este compromisso de princípios com a paz transformado em ação concreta e verificável, portanto, as brigadas são mais que qualificadas para o Prêmio Nobel da Paz.

Por isso, representando dezenas de comitês nacionais da paz em cerca de 100 países que são membros do nosso Conselho Mundial da Paz, unimo-nos a incontáveis outras organizações, parlamentares e várias pessoas amantes da paz para apoiar a nomeação do contingente Henry Reeve ao Prêmio Nobel da Paz. O CMP é uma organização não-governamental internacional que incansavelmente promove a paz e opõe-se às guerras, com status consultivo no Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC).

Saudações cordiais,

Socorro Gomes, Presidenta

Thanassis Pafilis, Secretário-Geral

Com informações do cebrapaz.org.br