Ricardo Salles troca militares na direção do Instituto Chico Mendes

A nomeação de militares para os mais diversos cargos no setor ambiental, além de outros , se faz presente desde o início da gestão do Governo Bolsonaro

(Foto: Jorge William)

Seguindo com a escancarada militarização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e consequentes nomeações sem legitimidades técnicas, o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles nomeia mais uma vez um Coronel da Polícia Militar para assumir o comando do órgão responsável pelas unidades de conservação do país. O Coronel Fernando Cesar Lorencini substituiu o Coronel Homero Cerqueira, exonerado por Salles em 21 de agosto, para a presidência do ICMBio oficialmente no último dia 22, onde já ocupava o cargo de substituto há um mês.

Apesar de estar no ICMBio desde maio do ano passado, como diretor de Planejamento, Administração e Logística (DIPLAN), Lorencini não possuía até então nenhuma experiência com a área ambiental em seu histórico de atuação, limitando-se à carreira na Polícia Militar do Estado de São Paulo e como secretário adjunto de Segurança Urbana da cidade de São Paulo entre 2018 e 2019.

Como se já não bastasse a falta de legitimidade técnica da nomeação, o Coronel Fernando Cesar Lorencini também está entre os policiais envolvidos no massacre do Carandiru, que segundo notícia do G1, o futuro presidente do ICMBio não respondeu por homicídio, mas por lesão grave contra um dos presos envolvidos na chacina, conforme reportagem da “Folha de S.Paulo” de 1997.

A nomeação de militares para os mais diversos cargos no setor ambiental, além de outros , se faz presente desde o início da gestão do Governo Bolsonaro. A reestruturação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) alterou a regra prevista na legislação de que apenas funcionários de carreira poderiam ocupar as coordenações, possibilitando que pessoas de fora também assumissem cargos para coordenar Unidades de Conservação, algo inexistente até então.

Militarização

Segundo uma fonte ouvida pela Reuters , a sequência de demissões de chefes de Unidades de Conservação tem justamente por intenção de levar essas unidades para o mesmo caminho — a própria direção do ICMBio é hoje toda formada por militares e policiais militares.

A militarização também é cada vez mais evidente nas ações de fiscalização na Amazônia. Após a ministra Cármen Lúcia relatar uma ação movida pelo Partido Verde (PV), que questiona o decreto do governo federal que permite a ação das Forças Armadas em Terras Indígenas, Unidades de Conservação ambiental e nas fronteiras, o Ministério da Defesa enviou um documento ao STF (Supremo Tribunal Federal) afirmando que “não há que se falar em militarização da política ambiental”.

Por outro lado, o The Intercept Brasil já mostrou que as Forças Armadas recebem um orçamento 10 vezes maior que o Ibama, R$ 520 milhões do fundo da Lava Jato, sem, no entanto, apresentar qualquer resultado efetivo e sim os recordes de desmatamento e queimadas vigentes. Diante das práticas de desmonte a proteção ao meio ambiente, o MPF (Ministério Público Federal) cobra agilidade no julgamento que solicita o afastamento de Ricardo Salles do cargo de ministro do Meio Ambiente.

Fonte: ISA (Instituto Socioambiental)

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