Varejo de São Paulo perde mais empregos que últimos três anos juntos

Somente na capital paulista, serviços ficam sem 99.279 vagas. Em sete meses, comércio paulista elimina mais empregos do que no mesmo período dos três anos anteriores juntos

Calçados, roupas e padarias foram o comércio varejista mais afetado pela pandemia

Os setores do comércio e de serviços do estado de São Paulo perderam 308.727 empregos formais de janeiro a agosto de 2020. O comércio teve uma redução de 134.708 postos de trabalho com carteira assinada, o que representa queda de 5%. A área mais impactada foi o varejo, com déficit de 104.333 vagas. O setor de serviços teve retração de 174.019 vagas a menos e um recuo de 2,81% nos primeiros oito meses do ano. 

Quando a Pesquisa de Emprego no Estado de São Paulo (Pesp), da FecomercioSP, divulgada hoje (7), considera o período de março (início da pandemia de covid-19) a agosto, os empregos formais no comércio tiveram saldo negativo de 120.241 vagas e os serviços, de 240.788 vagas, com reduções de 4,52% e 3,84%, respectivamente.

Apesar de os sete primeiros meses do ano registrarem saldo negativo no comércio varejista paulista, desde 2013, a eliminação de postos de trabalho acumulada neste ano é maior do que a dos últimos três anos somadas no mesmo período, quando foram registrados resultados negativos de 27.742 (2019), 32.647 (2018) e 27.768 (2017). Estes números são resultado de estudo da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Segundo a entidade, mesmo com os resultados negativos, o comércio já dá sinais de recuperação com saldos positivos de empregos com carteira assinada em julho (7.122) e em agosto (15.339). No setor de serviços, em agosto o saldo chegou a 15.635 novas vagas e um crescimento de 0,26%.

 O levantamento avalia 35 atividades do varejo, das quais apenas uma – o setor hortifrutigranjeiro – registrou saldo positivo no período, com a criação de 406 postos de trabalho. Entre as atividades com maiores perdas de vagas, estão os segmentos de vestuário e acessórios (-33.918), calçados e artigos de viagem (-11.325) e padaria, laticínio e doces (-8.985). Desse modo, mesmo as atividades do setor essencial (farmácias e supermercados), que puderam atender presencialmente durante a quarentena, registraram saldo negativo no número de funcionários de janeiro a julho de 2020.

As dificuldades impostas pela pandemia também se refletiram no mercado de trabalho do varejo na capital paulista. De janeiro a julho deste ano, o saldo entre admissões e demissões atingiu -42.645 vagas, o que representa uma alta de 540% em relação ao mesmo período de 2019 (-6.642). Com isso, até julho, o número total de empregos no varejo da capital caiu 7,2% na comparação com dezembro de 2019.

Assim como em todo o Estado, o segmento de artigos de vestuário e acessórios foi o que mais perdeu postos de trabalho nos sete primeiros meses do ano (-12.165). A atividade foi tão impactada pela pandemia que, na capital, a cada quatro empregos eliminados, um foi no setor. Em seguida, lideram em saldos negativos padarias e afins (-4.236 vagas) e lojas de calçados e artigos de viagens (-3.472 vagas).

“O resultado do mês é residual, tendo em vista a retração do setor em São Paulo, e, mais do que isso, sinaliza para uma recuperação lenta nos próximos meses, impactados agora pelo reajuste dos hábitos de consumo das famílias depois da pior fase da pandemia”, finalizou a FecomercioSP.

A FecomercioSP considera os resultados preocupantes, tendo em vista que, com a eliminação de 114.359 empregos formais em sete meses, o estoque de empregados no varejo paulista retrocedeu ao patamar registrado no segundo semestre de 2012. Na capital, o mercado de trabalho voltou ao nível de agosto de 2011.

Recursos emergenciais

“Apesar da queda mais acentuada no comércio nos oito primeiros meses do ano, é o setor que encabeça a retomada agora, tanto pelo impacto dos recursos emergenciais na economia, a partir de maio, quanto pela flexibilidade no atendimento e no retorno físico dos consumidores de muitas áreas do varejo. Os comerciantes também estão em vantagem na concorrência pela demanda, exemplificada pela maior busca dos consumidores por produtos nos supermercados do que serviços de restaurantes”, disse a FecomercioSP.

A pesquisa indica, ainda, que na capital paulista os serviços tiveram redução de 57% dos empregos, com a eliminação de 99.279 vagas. No comércio da cidade houve perda de 57.287 empregos (42% do saldo negativo estadual) formais. O destaque negativo é para o varejo que demitiu 41 mil funcionários, principalmente das lojas de roupas e acessórios (-12,4 mil).

O saldo positivo ficou por conta dos serviços administrativos e de saúde humana, resultando em um saldo final positivo de 3.545 empregos formais em agosto, com um avanço de 0,13%.

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