Bolívia: líder popular defende Arce para derrotar o imperialismo

Para Leonardo Loza, coordenador das Seis Federações Cocaleiras do Trópico de Cochabamba e candidato a senador pelo MAS, “é hora de reconstruir a nossa amada Bolívia”

Leonardo Loza é líder dos cocaleiros bolivianos l Foto: Leonardo Wexell Severo

“A guerra suja dos golpistas e de sua mídia se repete como uma novela, que derrotaremos com unidade e seriedade. O que lhes move é a submissão ao imperialismo, e a nós o compromisso com a nossa amada Bolívia. Arce é o país de pé”, afirmou Leonardo Loza, coordenador das Seis Federações Cocaleiras do Trópico de Cochabamba, em entrevista nesta quinta-feira na capital do Departamento (Estado). 

Praticamente eleito por encabeçar a lista de senadores do Movimento Ao Socialismo (MAS) em Cochabamba no pleito do próximo 18 de outubro, Leonardo Loza, de 37 anos, é apontado ao lado de Andrónico Rodriguez como seguidor de Evo Morales. Disciplinado, começou a trabalhar aos 15 anos com seu avô, plantador de coca, e iniciou sua vida sindical aos 17, mobilizando a categoria em defesa dos seus direitos. 

Por seu compromisso com a Bolívia e reconhecida capacidade de mobilização, foi várias vezes vítima de fake news, sendo a mais reproduzida a de que seria proprietário de um automóvel Lamborghini, importado dos Estados Unidos. A mentira foi revelada, sendo descoberto que o dono era um empresário cochabambino. Dando continuidade à campanha de invenções contra sua pessoa e lideranças masistas, o governo e sua mídia os acusaram de haver cometido delitos de “terrorismo”. Entre os supostos crimes, um atentado contra o gasoduto Villa Tunari-Carrasco, e de ser um dos autores intelectuais do saque e incêndio de várias estações policiais. 

Foto: Leonardo Wexell Severo

Após uma coletiva de imprensa na Sede da sede da Federação Departamental de Mulheres Camponesas Originárias Indígenas de Cochabamba “Bartolina Sisa”, Loza nos concedeu uma entrevista exclusiva sobre esta reta final de campanha e os planos para o futuro.  

Se a Bolívia já estava mergulhada na crise com o governo de Jeanine Áñez, o coronavírus só agravou ainda mais a situação. Como vês o papel da integração para virarmos esta página? 

Sinto que é muito importante que os nossos povos se integrem e se unam na América Latina, que armem estruturas de integração e laços de amizade não só a nível político e econômico, mas principalmente social, o que tanto nos faz falta. 

Os povos nasceram íntegros e conjuntos, mas, lamentavelmente, alguns governos neoliberais nos dividiram e nos impuseram fronteiras. Agora é hora de uma união. Acredito que é o momento de uma tremenda integração em defesa dos nossos direitos, em defesa dos nossos recursos naturais e da afirmação de uma política independente e soberana. É isso que precisamos e vamos exercer. 

O presidente da transnacional Tesla, Elon Musk, reconheceu ter participado no golpe na Bolívia e que está pronto para intervir onde achar que deva. O que achas disso? 

A declaração do presidente de Tesla, Elon Musk, de que para tomar de assalto o lítio faria golpes na Bolívia ou onde bem entendesse é a expressão cabal do imperialismo, do que há de mais selvagem no mundo. É a declaração daquele que, para ter dinheiro, violenta os povos, rouba os povos. Em nosso país estou seguro que estamos preparados para defender os nossos interesses, que nenhum empresário transnacional virá se estabelecer para roubar o nosso lítio, que vamos industrializar o nosso lítio, que não permitiremos que nenhum estrangeiro venha usurpar nossas riquezas. 

Como vês o papel desinformativo da mídia boliviana, particularmente nesta reta final de campanha? 

Lamentavelmente a maioria dos meios de comunicação bolivianos, quase todos, parecem terem se confundido e se transformaram em meros porta-vozes políticos. Assim, agem como num coro unificado: Todos contra o MAS. É isso o que estamos vivendo. Temos fé e esperança que vamos superar esta situação. 

O que temos é uma mídia muito controlada e manipulada pela direita, mas estamos seguros de que vamos reverter esta situação e construir instrumentos plurais, que garantam diversidade de ideias. Temos humildade e temos respeito, muito diferente deles. 

Vencendo as eleições, qual deve ser a prioridade? 

Temos que reconstruir a economia dos povos. Neste momento a família boliviana sofre, chora, tem fome, tem inúmeras necessidades. Depois de ganhar as eleições nossa primeira ação será reconstruir a economia, combatendo o covid, já que o governo que temos também é um desastre na área da saúde. 

Precisaremos investir na pequena e na média empresa, que são as que mais geram empregos, fortalecer a produção, na industrialização. Estas serão nossas prioridades e nossos desafios. Temos planos a longo, a médio e a curtíssimo prazo e estou seguro que com Lucho Arce reunimos suficiente capacidade e experiência para solucionar estes problemas. 

Ao lado de Andrónico és apontado como um seguidor da luta dos cocaleiros, como sentes esta responsabilidade? 

Necessitamos ter muita responsabilidade, firmeza, vontade, transparência e sermos consequentes. Em nenhum momento devemos abrir mão da nossa ideologia, sentimento que deve chegar a toda família. Eu tenho muito respeito pelo meu irmão Evo Morales e pela estrutura do Movimento Ao Socialismo e sinto como enorme esta responsabilidade para continuar a lutar, vencer e avançar. 

Fonte: Carta Maior

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